2ª Prova á Quinta de 2009
Mais uma vez foi uma prova interessante e com surpresas....muitas surpresas.
Desta feita resolvi voltar a comentar os vinhos provados.
Por ordem de saída:
Ossian 2006 Br– (Região: Rueda/Espanha; TA: 14,5º, Prod: Bodegas ossian; casta:Verdejo; Enólogo: Pierre Millemann)
O vinho no contra rótulo tem a seguinte indicação: "Vino de La Tierra de Castilla y León" ora esta é uma indicação de procedência que permite aos viticultores trabalhar uvas de diferentes origens com maior liberdade, sem se ater a legislações muito específicas. O vinho é originário da Rueda.
O vinho apresentou-se com uma temperatura muito baixa, o que prejudicou bastante a prova no inicio. Á medida que a temperatura aumentava conseguia-se perceber que estávamos na presença de um branco de eleição (só para um).Límpido e muito brilhante na sua cor topázio. bastante apelativo, com os apontamentos de relva cortada a casar com as notas de salsa, hortelã e coentros. Uma curiosa combinação da série vegetal a que se associam sugestões citrinas, fruta cristalizada e discreto fumo. Encorpado e estruturado, com as notas citrinas, o vegetal fresco e a calda de pêssego em lata a marcarem a evolução. Percepção amargosa a combinar com o fruto seco e a trazer à memória a amêndoa amarga. A madeira não lhe ofuscou a frescura, tem uma acidez muito marcada agarrando o palato como se tivesse sido aprisionado injustamente. Final longo, mas com um apontamento de verdor a torná-lo pontiagudo -será por ser tão novo?-. Taninos da madeira a produzir uma sensação de secura e a retirarem-lhe delicadeza no final.
Este vinho irá ganhar de certeza com o estágio em garrafa. A média final não condiz com a minha apreciação a este vinho.
Média:15
Preço:33€
Lavradores Feitoria Tres bagos Sauvignon Blanc 2007 Br–(Região: douro; TA: 13º; Prod: Lavradores Feitoria; Casta: sauvignon Blanc; Enólogo: Paulo Ruão)
Na primeira "snifadela" não dá para perceber que estamos na presença de um Sauvignon Blanc, Parece que tinha aberto a mala de cânfora da minha avó, tal o cheiro a mofo que ali emanava, ao contrário das colheitas anteriores este pareceu-me menos exuberante de aromas. Mostra cor amarelo palha muito clara.
Acidez fina, estaladiço, algo vegetal, defende-se bem na boca, mesmo que esteja muito unidimensional. É um vinho muito agradável, alegre, leve e bem disposto, mas demasiado simples, directo e previsível, para poder aspirar a outros voos.
Média:15,08
Preço:8,20€
Bajancas 2005 TT – (Região: Douro; TA:13,5º Prod: António Alfredo Lamas; Castas: Touriga nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca)
Nariz de tendência vegetal. Nuances florais, na companhia de lagar, surgem por detrás. Na boca é equilibrado, discreto, centrado nos sabores a fruta que nos conduzem para um final de boca moderado, composto no corpo, suave nos sabores.
Média:14,33
Preço:7,5€
Cortes de Cima Reserva 2004 TT – (região: Alentejo, TA: 14º; prod: Cortes de Cima; Castas: 52%Aragonês,24% T.Nacional,14% Syrah, 10% Cabernet Sauvignon)
Aqui temos a surpresa da noite, depois de no jantar de natal ter-se apresentado numa forma extraordinária, agora fomos completamente apanhados de surpresa.
Este tinto de cor rubi começa por nos bafejar com fortes notas fumadas, uma colecção variada de aromas de torrefacção. Mas a fruta é uma aliada de peso, e não se faz rogada no copo, revelando a amora, cassis, ginga. Com o tempo, descobrem-se as especiarias, a noz moscada e uma pincelada de cedro que lhe assenta bem.
Entra fino e escorreito, mas depois no meio palato torna-se desequilibrado, com a tendência do álcool sobrepor-se á fruta. Estando aqui a grande diferença para a prova do jantar de natal, onde ele se mostrou delicado e elegante do principio ao fim. Terá sido por ser decantado? Devemos partir daí, alguns vinhos beneficiam e muito com a decantação, este foi um deles.
Final longo, bem prolongado e duradouro.
Média:15,92
Preço:39€
Quinta dos Romanos Reserva 2004 TT – (Região: Douro, Prod: Maria Lucinda Todo Bom, Castas: Blend com castas típicas do Douro)
O nariz deste Douro é original, equilibrado, muito apelativo. A fruta, bem fresca, colocada ao centro, surge envolvida por um toque a pinheiro bastante conseguido. O floral, muito floral, surge associado a madeira, completando um perfil exótico. Na boca o corpo é composto, fácil, acessível, leve, transmitindo sensações de equilíbrio. A notável frescura e os taninos presentes apelam à companhia gastronómica. É um vinho muito composto, com um final moderado.
Média: 16,67
Preço: 19€
Dados Reserva 2007 TT– (Região: Douro, Prod: Soc.Agric. Com.Vinhos Messias; TA: 14º;Castas: T.Nacional, T.roriz, T.Franca; Enólogo: João Soares e Javier Rodrigues)
Esta primeira colheita causou uma excelente impressão junto dos provadores. Concentração média. Cereja, muita cereja. O terroir nota-se em componentes minerais, florais e vegetais que interligam de forma descontraída, dando uma sensação de naturalidade, situação algo rara nos tempos que correm. Na boca é solto, afinado, pronto a saborear na plenitude. A acidez explode frescura e definição de sabores, prolongando uma longa evolução, e dando condições estruturais a taninos saborosos, afinados. A complexidade de sabores a fruta confere-lhe um estilo guloso e apetecível. Tem um final médio/longo. Tem uma excelente RPQ, coisa rara nos dias que correm.
Média:16,25
Preço:9,8€
Esporão Touriga Nacional 2006 TT – (Região: Alentejo, TA: 14,5º,Prod: Herdade do Esporão, Castas: T.Nacional; Enólogo: David Baverstock)
Cor e concentração em doses extremas com laivos violáceos a vingarem no menisco. As impressões iniciais deixam perceber as notas tostadas da madeira de estágio e um apontamento envernizado em pano de fundo. Com o arejamento ganham realce o fruto preto de cereja e cassis. Muito corpo e muita extracção, aveludado no ataque, fruta ainda "comprimida" e uma correcção ácida que, infelizmente, desequilibra a evolução -com 14,5% de álcool não há milagres-. Mediano na persistência com um apontamento de tinta a libertar-se de uma estrutura de taninos que, até então, estava esmagada pelo corpo do vinho. Ligeira "queima" da tosta a beliscar o equilíbrio de conjunto. Vigor e potência num tinto de perfil igual a tantos outros e já sobejamente conhecido dos consumidores. Se for este o seu estilo, não hesite, mas opte por uma temperatura de serviço relativamente baixa e, de preferência, destine-o para um dia invernoso. Caso contrário, ver-se-á confrontado com um tinto pesado, sobremaduro, com os aromas completamente sufocados pelo álcool.
Esta nota de prova não reflecte a média final, pois eu fui o único a dar uma nota baixa a este vinho, se calhar eu estava num dia mau. Mas existem aqui os comentários para esgrimir argumentos.
Média: 17
Preço:12 €
Chateau Pontet Nivelle Bordeaux 2003 TT – (Região: Bordeaux; TA: 13,5º, Castas: Blend de castas típicas de Bordeaux)
Nariz equilibrado, aprazível na conjugação dada por fruta e vegetal. Um toque distinto a lagar e azeitona trespassa o núcleo, conferindo um toque desafiador. Na boca estamos perante um vinho interessante, cheio de vontade na entrada apesar de perder fulgor ao longo da evolução. Termina moderado, à base de sabores a fruta, madeira e chocolate. A acidez consegue apontamentos de frescura enquanto taninos estruturados dão-lhe longevidade e equilíbrio. Bem conseguido apesar de algo linear e ligeiramente seco.
Média:14,5
Grainha 2006 TT – (Região: Douro; TA: 14; Prod: Quinta Nova; Castas: Lote de castas típicas do Douro)
Cor quase preta. No aroma existe muita fruta, ameixa, figo, cereja e marmelo. Convém ter atenção redobrada à temperatura de serviço pois o álcool espreita e não concede muita margem de manobra...
Os taninos fortes que apresenta, coligados com uma acidez franca e viva não o tornam num vinho fácil, mostrando-se levemente agressivo nesta fase. O final de boca mostra um vinho moderado. Apesar da madeira ainda estar presente na boca, é no entanto um vinho estruturado, frutado, que sem ser volumoso aparece possante e simultaneamente catita.
Média:15,75
Preço: 9€
8 Comments:
Aquele branco...
Agora mais a sério,será que nos nossos jantares e como sabemos que os vinhos em prova são sempre caros e bem pontuados,não nos defendemos mentalmente e damos uma nota superior...A prova cega é como o algodão,não engana...
Bom é o Rosé das Patameiras!!!
Agora mais a sério, para tirar a prova dos nove deveríamos fazer uma prova duplamente cega mas com os mesmos condicionalismos: decantação, acompanhado com comida, sem pressas nem bitaites tipo: será o casaleiro syrah?
Caros amigos, efectivamente, quando pensamos no preço dos vinhos as notas poderão tender a subir um pouco mais.
Mas para mim é mais interessante verificar quando é um prova cega com vinhos de uma região. Vejo que quando são vinhos do Douro ou Alentejo as notas saem sempre muito mais altas. Com outras regiões, acontece precisamente o inverso.
Um abraço
Em relação ao Ossian,e nos links que nos enviou o Malé,muitos blogers falam também, de uma acidez muito elevada.
Pingus nos tempos que correm se nós fizermos uma prova cega de vinhos do Dão, também iremos ter notas elevadas. Nas outras regiões já terei mais duvidas porque não se consegue arranjar um lote vinhos homogéneo e de qualidade.
Para mim os vinhos do Dão tiveram um salto qualitativo muito grande nos 3 últimos anos.
Vinhos como o Garrida touriga N., Q. dos Carvalhais Único, Quinta das Marias (Qualquer um) e os Vinha Paz. São vinhos que numa prova cega não ficam a trás de alguns vinhos do douro e Alentejo.
Um abraço
Alguém já comprou a revista dos vinhos?
A edição de Fevereiro trás,como sempre os melhores do Ano...Pelos comentários que ouvi,parece que os vinhos,premiados são sempre os mesmos e os convidados também.Mas vou ler primeiro e farei os comentários depois.
Presidente,sei que é uma semana dificil,pois estás de partida,mas podes publicar os melhores do ano para a revista de vinhos?Se necessitares de ajuda,diz.
Um abraço para todos os puristas
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