UM CONVITE AO SR. ALICANTE PARA ESTAR Á MESA COM OS PUROS & VINHOS
Estou a escrever esta crónica directamente de Porto Santo. O jantar de dia 30 de Maio de 2008 dos Puros & Vinhos teve a participação dos seguintes elementos do grupo: Luís Diniz, Paulo Sousa, Nuno Anjo, Nuno Santos, Nuno, Mário João, António Matos, Pedro Lilaia, Serra e Malé.
Este jantar teve uma participação menos concorrida não deixando de ser um tremendo jantar devido aos néctares escolhidos para o evento.
Uma nota para dizer que a prova de vinhos tintos foram feitas ás cegas.
Aqui fica a descrição dos vinhos provados no jantar:
Ruinart Rose Champagne (França) - Este champanhe de uma das casas mais famosas mostra cor salmão leve, esboçando ligeiros tons acobreados e algum âmbar. Bolha fina e persistente. Aroma pouco expressivo. contido, reservado, está muito longe de ser exuberante ou um vivaço. Numa primeira fase apenas revela leves traços de bagas silvestres, com particular relevo para a groselha e framboesa, a que mais tarde se junta erva seca, palha e um pouco de avelã. Numa fase mais avançada, surgem intrigantes sugestões de rebuçado e um leve toque anisado que surpreende pelo inesperado.Mousse abundante, está significativamente mais rico na boca, mais expressivo e falador. Acidez qb, solta sensações peculiares. Recorda romã pelo aroma, morango no fim de boca, e sobretudo, muito, muito dióspiro pela prova de boca. Nada de dióspiros madurões, mas sim o dióspiro ainda na fase inicial de maturação, na conversão de fruta verde para madura.Final de boca interessante, elegante, sedoso, embora levemente pouco expressivo. Média Final:14,56
Cape Mentelle Sauvignon Blanc Semillion 2006 Margareth River (Áustralia) - Atenção, este não é um vinho para os fracos de coração. Se estiver constipado não vai precisar de Nasex, basta aspirar os aromas fragrantes para se sentir de novo em forma. A capacidade aromática, e sobretudo, a intensidade, são espantosas e esmagadoras. Pode-se gostar ou não, mas ninguém fica indiferente a este vinho.
Espalhafato, lantejoulas e brilhantes, e todos sabem que a festa vai começar. Primeiro são as dramáticas notas tropicais a desamparar o olfacto, um tsunami de manga, maracujá, lichias, abacate e papaia a varrer o nariz de forma tremenda. Logo de seguida ataca a segunda linha numa onda vegetal dominadora, muito espargo branco e relva fresca, húmida, molhada. Ainda sobra tempo e espaço para o melão, chá, flor de laranjeiral. Tudo intenso, embrulhado num conjunto agradável, embora ofuscante e ostentatório.A boca surge mais integrada, mais composta, mais madura, porque mais calma e segura. Acidez bem integrada, fruta fresca presente em fartura mas mais calma, tudo se conjuga para que passe melhor o teste da boca. Final médio, é um vinho fascinante, um vinho que qualquer enófilo que se preze devia provar, mas também um vinho unidireccional e levemente cansativo.Falta-lhe complexidade, mas sobra-lhe alegria e entusiasmo contagiante. Média Final- 15,65
Quinta dos Carvalhais Único 2005 (Dão) - Este “Único” apresenta-se mais negro, denso, cerrado, espesso, maciço do que porventura será legal! Um vinho com este aspecto devia pagar imposto especial! É tão carregado, rico e puro que até assusta e perturba! O nariz transmite sensações de licor de cereja, especiarias, gingas, ameixa preta, cerejas, amoras, um sem fim de fruta preta musculada e concentrada. É um vinho a que se torna difícil resistir, um vinho coberto de personalidade e amplo de exuberância.Energético, denso, glicerinado, super concentrado, quase se consegue mastigar e trincar. Mas atenção, em momento algum o vinho perde o equilíbrio ou cai no ridículo, cede à tentação da doçura ou aos excessos do álcool! O palato fica coberto de fruta preta no ponto, sem arestas, sem securas, sem doçuras, assente num interessante equilíbrio que o permite ser apreciado agora. Um grande vinho! Média Final – 17,05
Pequeno João Magnum 2004 (Alentejo) – Desde já tenho a agradecer a amabilidade do confrade Mário João por ter oferecido esta garrafa ao grupo para a prova. Não escapou ao confronto directo com grandes vinhos e o contraste de estilos acabaria por penalizá-lo. Está longe de encaixar na máxima "foi amor à primeira vista" porque as tonalidades rubi com mediana concentração indiciam uma evolução precoce. O aroma também não deslumbra porque se sente o impacto da madeira, porventura excessivo e, eventualmente, usada. O nariz, que de início se mostra pouco expressivo, acaba por evoluir em doçura com as notas de figos e o toque a fruta em passa a ditar as regras do jogo. Mediano na estrutura, com a acidez a desequilibrar ligeiramente o conjunto. Bom comprimento final, mas nada de esmagador. A prolongada permanência no copo acaba por prejudicar a componente aromática e o conjunto ressente-se por isso. Média Final: 15,50
Paulo Laureano Alicante Bouchet 2005 (Alentejo) - Vemos um vinho escurinho, de linda cor granada, quase violeta nos bordos, um vinho que aromaticamente nos transporta de imediato para o universo Alicante. Fruta vermelha madura mas fresca, muita groselha, um pouco de morango e framboesa, mesmo um salpico de mirtilo, sempre associados a um leve toque fumado da madeira.Boca muito fresca, frutada, algo leve, temos um vinho muito alegre, bem disposto, com taninos controlados, suaves e envolventes. Redondinho ao extremo, não existe nenhuma aresta por limar, tudo está certinho e bem arrumado, muito polido, muito cerimonioso e cortês. É difícil, se não impossível, não gostar, mas não chega a arrebatar o coração. Média Final: 16,45
Júlio B. Bastos Alicante Bouchet 2004 (Alentejo) - Cor vermelha profunda, rotunda, com bordos mais aligeirados. É complexo, fino e elegante, com delicadas notas fumadas. O nariz também é rotundo, potente, carregado de fruta de qualidade e maturação irrepreensíveis. Ele são cerejas, groselhas, cassis, amoras, uma multiplicidade de frutas vermelhas e pretas em profusão. Mas há muito mais neste vinho que a simples presença da fruta. Também se destinguem notas especiadas, tabaco, cacau, aromas terrosos e balsâmicos sobre um fundo de violetas. Enfim uma variedade de sensações que enriquecem a prova e a sua complexidade.A boca é estruturada, com taninos marcados ainda a necessitar do polimento do estágio em garrafa. É no entanto um vinho guloso, fresco, saboroso, carnudo, um vinho extremamente agradável e apelativo. Infelizmente tem uma produção limitada que irá impedir a sua divulgação generalizada. Fim de boca longo e intenso. Média Final: 17,35
Campbells Rutherglen Muscat (Austrália) - É já sabida a capacidade que a Austrália tem de fazer bons vinhos generosos! Mas, surpresa das surpresas, é o potencial dos seus moscatéis, capaz de surpreender qualquer um. Citando Jancis Robinson no seu livro Guia de Castas, "a Moscatel é dos grandes nomes históricos do vinho, tanto de uvas como de vinhos. De facto, as uvas Moscatel - e existem pelo menos quatro castas principais de Moscatel, com várias cores de bagos - produzem, como muito poucas, vinhos que realmente sabem a uvas". Nariz intenso, meloso e complexo. O mel envolve sensações a noz, figo e fruta cristalizada. A forte presença de aromas a casca de laranja e limão, de perfil cristalizado, conferem-lhe uma forte personalidade e intensidade.Na boca é muito espesso, untuoso, denso nos sabores a frutos secos e fruta cristalizada, de perfil cítrico. Por incrível que pareça a acidez consegue limpar o peso da doçura no pós boca! Termina longo sem que nos cansemos dos seus 17,50% de álcool. Média Final – 17,33
Para finalizar tenho de dar mais uma vez os parabéns ao Chef Jaime do Hotel Lezíria Parque em Vila franca de Xira pelo excelente repasto porporcionado, e também ao Luís pela seu profissionalismo e disponibilidade para porporcionar mais uma excelente prova.
11 Comments:
Mais um magnifico jantar,bons vinhos...O resto não interessa...
Um abraço
Paulo Sousa
Bom! Breves palavras sobre o que nos leva a estes convivios, ou seja o vinho !
Sobre o Ruinart Rosé digo que não me impressionou nada! Acho que Ruinart é Blanc des Blancs e o resto é conversa! Mas para conhecer temos que provar.
O Cape Mentelle foi, digamos , uma decepção para mim visto que vinha bem referenciado por um confrade mas talvez porque ainda tinha o Sauvignon Blanc do Villa Maria na boca e por comparação entre estes dois brancos viro a minha preferência para a Nova Zelândia mas este Australiano é um bom vinho sem dúvida nenhuma. Nos tintos da noite a minha preferência foi para o Quinta dos Carvalhais Único 2005 que pela cor carregada, pela espessura que carrega e pelos aromas que solta nnão ficamos com dúvidas sobre a presença de um grande vinho cheio de personalidade.
Uma palavra "amarga" para o Pequeno João mas o vinho tem destas coisas : era grande a expectativa acerca desta Magnun que não foi tão barata como isso mas que desiludiu logo no copo pela , praticamente , ausência de aromas, pelo envelhecimento precoce na garrafa (?) que não nos leva a um vinho de 2004.
Um agradecimento sentido a toda as pessoas do Hotel Leziria Parque que possibilitaram mais uma grande reunião!
E não posso deixar de dizer o seguinte : Ninguém é obrigado a participar mas depois de confirmar pelo menos avisar que não pode comparecer é o minimo!!! Existe um determinado compromisso, para um numero de refeições, com o hotel e se as pessoas não avisam que fazer à comida que está a mais ???? E quanto às pessoas que comparecem mas que saem sem pagar os vinhos que degustam ???? A vida custa a todos....
Um abraço a todos os confrades !!!
Boas,
Mais uma excelente cronica do nosso presidente, aquele nivel de sempre!!!
Gostei bastante dos Carvalhais, aromas pujantes e bastante completo em todos os sentidos.
Que belo moscatel!!!! Apenas um senão, mas possivelmente terá sido devido à temperatura, torna-se excessivamente doce.
O xor Bernardo teve 6 votos a favor, 1 contra, 1 abstenção e 3 estavam a fumar...
O Porto na "esplanada" deu momentos unicos!!!!
PS - É pena algumas pessoas no mercado "vangloriam-se" pela identificação dos vinhos....pondo em causa o conhecimento das pessoas q organizam. Não gosto de "veneno" mas tb n gosto de pseudo enologos!!!
Como diz o Sousa, o resto nao interessa.
Um abraço a todos!!!
Devido à greve dos camionistas o Sr. ALICANTE pede desculpa mas não pode estar presente ao jantar para o qual tinha sido convidado ! E o Sr. Bouchet idem aspas....
E assim ganha protagonismo o Sr Alcante.... ;-)
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Para quando a prova á quinta?
Para a próxima 5ª não porque há o Portugal-Alemanha. Se passarmos o outro jogo é na 4ª 25, logo podemos marcar para a próxima 5ª dia 26 !
Este comentário foi removido pelo autor.
Era bom que a selecção fosse campeã europeia para ter crédito para pagar ao SLB os 30 milhões de indemnização que terá de pagar.
A próxima prova fica para o dia 26 de Junho.
Tenho um telemóvel novo e por isso perdi alguns nº de telemóvel. O Male e o Bernardo podem enviar os vossos contactos para o meu telemóvel, obgd.
Boa tarde a todos,
É verdade que tenho estado um pouco afastado destas lides, mas já sinto verdadeiramente falta de uma prova à séria, como as provas á quinta.
Para mim dia 26 está óptimo, e espero que seja ainda uma continuação dos festejos do dia anterior. Vai haver temática para esta prova?
Quanto ao vosso jantar de degustação, com muita pena minha não pude estar presente mais uma vez. Pela segunda vez consecutiva foi num dia de aniversário importante para mim, o da minha mulher (no anterior tinha sido da minha filhota). Como o aniversário do meu pai e da minha mãe foram em Maio e no início deste mês, para os próximos meses parece-me que não vou ter razão para declinar um próximo convite...!
Em relação ao jantar, gostava especialmente de ter provado o Único, o Paulo Laureano AB e o Júlio Bastos AB e por curiosidade o moscatel. Vinhos que não se provam todos os dias… Mais um grande evento, como sempre!
Abraço a todos,
Bernardo
Atenção que no dia 26 tb ha jogo, é a outra meia final.
Convem, marcar com antecedencia.
Vamos lá a mais uma grande corrida!!!!!
Um abraço
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