Puros & Vinhos

quarta-feira, abril 18, 2007

TRIBUTO Á MATILDE




Dia 29 de março nasceu o meu segundo filho, Matilde de seu nome, motivo de orgulho, e de festejar com os amigos.
Nestes últimos nove meses andei a convidar uma série de embaixadores (vinhos) do mundo para estarem presentes num almoço a realizar dia 15 de Abril de 07 de “Tributo á Matilde”.
Aceitaram o convite os seguintes embaixadores: Batuta 2004 (Portugal); Sassicaia 2003 (Itália); Opus One 2003 (USA); Casa Apostolle Clos Apalta 2003 (Chile); Chateau Margaux Pavillon Rouge 2003 (França); Calvário 2002 (Espanha), Penfolds Yattarna 2001 Chardonay ( Austrália); Moscatel Roxo 1971 JMF (Portugal) e o Yallumba Tawny 50 Years Old Museum Release (Austrália).
Estava criado um evento digno de uma princesa como a Matilde.
Para confraternizar com estes embaixadores (vinhos) convidei alguns amigos e família: Paulo Sousa; António Chaparro; Mané Cerejo; Paulo Serra; Paul Ganau; Paulo Machado; Pedro Lilaia; Mario João e Nuno Santos.

Os embaixadores foram chegando pela seguinte ordem:

Penfolds yattarna 2001 Chardonay –Esta embaixadora apresentou um lindíssimo vestido Amarelo – limão, muito verão, com muitos laivos esverdeados. Madeira bem integrada e álcool bem coberto pelos aromas. Aroma de limão e maçã a sobressair. Boca com espessura, untuosa, com uma acidez viva. Redondo no ataque e início da evolução, deixando impressões amendoadas, limão doce e fruta cristalizada. Final com moderada persistência de sabores, a pedir mais leveza e maior encobrimento da percepção alcoólica. Um branco com uma boa complexidade de aromas.
Nota média: 17.35

Casa Apostolle Clos apalta 2003 – Vestido para a ocasião, apresenta-se de smoking mais negro, denso, cerrado, espesso, maciço do que porventura será legal. É tão carregado, rico e puro que até assusta e perturba! O nariz transmite sensações de licor de cereja, especiarias, gingas, ameixa preta, cerejas, amoras, um sem fim de fruta preta musculada e concentrada. Depois do primeiro impacto da fruta copiosa, emergem ainda notas terrosas, pimenta, madeira de boa qualidade mas felizmente discreta e um profundo carácter mineral que brota das profundezas. É um vinho a que se torna difícil resistir, um vinho coberto de personalidade e amplo de exuberância. Energético, denso, glicerinado, super concentrado, um "blockbuster", quase se consegue mastigar e trincar. Mas atenção, em momento algum o vinho perde o equilíbrio ou cai no ridículo, cede à tentação da doçura ou aos excessos do álcool! O palato fica coberto de fruta preta no ponto, sem arestas, sem securas, sem doçuras, assente num interessante equilíbrio que o permite ser apreciado agora e durante os próximos 20 anos!Um grande vinho!
Nota Média: 18.40

Calvário 2002 –Apresenta-se com um fato genuino , muito moda, de cor vermelha escura, retinta, quase opaca, com bordos violetas, um bom prenúncio de prova. Sobressaem imediatamente notas intensas de fruta madura, fruta vermelha madura, sem excessos, sem sobrematuração, mas intensa e vibrante. Apresenta cereja e ginja em profusão, mostra um ligeiro alicorado e leves notas florais que alegram o nariz. Com uma complexidade crescente, congrega aromas tão díspares como cedro, café, grão de pimenta e notas balsâmicas. Nota-se que valoriza a elegância, mas uma elegância complexa, poderosa, quase autoritária.A boca apresenta uma extraordinária frescura, uma acidez vincada, mas superiormente integrada no conjunto. É glicérico, frutado, complexo, é sobretudo um vinho "alegre" e vivo. Bem estruturado, tem um fim de boca prolongado e elegante. Os taninos são potentes, mas do tipo suave, quase doces, muito equilibrados. Um belíssimo vinho.
Nota Média: 15.05

Opus one 2003 - Nascido da uma parceria, revolucionária à época, entre Baron Philippe Rothschild e Robert Mondavi, o Opus One rapidamente se tornou um embaixador (vinho) de culto. Este embaixador apresentou-se com um lindo fraque de núcleo muito escuro com um picado largo avermelhado. Este de 2003 mostra fruta muito evidente, bem desenhada, muita cereja preta, amora, ameixa preta, todo ele se mostra sensual e apelativo aos sentidos. Fortes tendências alicoradas dominam o final de copo, num estilo muito apetitoso. Cremoso, sexy, achocolatado, a boca doce apela à luxúria e à suavidade, quase veludo líquido dentro do copo. Final levemente especiado e frutado de intensidade média/longa.
Nota Média: 18.75

Batuta 2004 –Apresentou-se com um lindo smoking feito á medida, lindo, vermelho escuro, bem definido, apelativo, com o picado violeta e o coração negro de pasmar. Nariz complexo, de qualidade superior, que nos cativa desde o primeiro instante. Emana cereja e ginga, num estilo profundo, cheio de força, no limite da concentração aprazível. A baunilha e as especiarias cobrem aromas a fruta, naquela que tem sido uma associação de sucesso no panorama internacional. O carvalho, de notas tostadas, revela uma integração perfeita, conferindo consistência e complexidade. O conjunto é avivado por uma frescura indispensável, sóbria, que não retira protagonismo ao fruto. Na boca, sabores frescos a fruta, de concentração equilibrada, percorrem as paredes do palato de forma gulosa e distinta. Os taninos, envolvidos nesta estrutura, colam-se às paredes do palato, conferindo profundidade e longa persistência de sabores a cereja, ginga e leve madeira. A acidez enaltece o conjunto, acabando por polir um final de boca distinto, equilibrado e sedoso. Tal como no nariz, a prova de boca consegue um equilíbrio notável da fruta. Apesar de não ter nenhuma característica particular que o diferencie de outros vinhos actuais, a sua elevada qualidade, como por magia, leva-nos a "amá-lo
Nota Média: 17.20


Chateaux Margaux Pavillon Rouge 2003 –Este embaixador foi o que causou menos boa impressão ao chegar ao copo, com um fato dos anos 60 de cor moderada, um tudo nada acastanhada, com ligeira evolução nos bordos. As notas de farmácia, particularmente de tintura de iodo, são também marcantes, bem como a superior sensação terrosa que o vinho transmite. Este vinho não esconde nem renega as suas origens, bem antes pelo contrário, é como que uma fotografia, uma chapa do lugar onde nasceu. O terroir é respeitado e o trabalho na adega respeitou aquilo que a natureza providenciou. Mas a fruta não foi negligenciada, uma fruta discreta, pouco exuberante.A boca é complexa, terrosa, rica, muito limpa e transparente. Não é particularmente longa, mas é de uma extraordinária elegância e harmonia. Ao contrário do que é apanágio da região. Todo ele é evocativo das práticas do chamado velho mundo, da elegância, da finesse, da mestria no tratamento da madeira e na integração alcoólica .
Nota Média: 13.70

Sassicaia 2003 – Excelente apresentação com um fato de cor vermelha púrpura profunda, uma cor que impõe respeito e consideração. Nariz impressionante pela envolvência, dimensão, intensidade e elegância que sugere. Se a fruta preta, com mirtilos e amoras, marca a sua presença, são no entanto os aromas de bosque e tabaco que lhe cunham o perfil de forma vincada. Finalmente, aparecem o bolo inglês e as ervas aromáticas a suavizar e complexificar ainda mais este nariz verdadeiramente cativante.Suave, tranquilo, muito elegante, equilibrado, é um vinho amplo, firme e concentrado, mas redondo e aveludado no paladar. É musculado mas gracioso, estruturado mas sedoso, potente mas melódico, um acumular de incompatibilidades e complementos que o tornam tão cativante. A acidez fina e viva dá-lhe energia e firmeza que o prolongam num final de boca longo e intenso. Especiado, apresenta sugestões de couro, cereja preta e amora, um vinho com uma longa e prolongada carreira pela frente.
Nota Média: 17.35

Moscatel Roxo 1971 JMF – Nada como celebrar o nascimento da minha nova filha com um vinho da minha idade, e que vinho. Vistoso, muitos acobreados, tons casca de cebola, cambiantes ambarinas e muitos apontamentos esverdeados no menisco. Toque inicial a vinagrinho, com o essencial do seu suporte aromático a girar em torno das notas de mel, café, amêndoa torrada, vegetal fresco e casca de tangerina. Um portento de untuosidade e viscosidade, com muito corpo, densidade e espessura. Muito macio, mas pleno de força e vigor, com a extrema doçura do ataque -é uma das características distintivas do Moscatel Roxo- desde logo compensada por uma acidez em crescendo. Muita adrenalina num final do tipo "agora aguentem-se", com os rasgos de mel, caramelo a abrilhantar as notas de torrefacção -café, pinhão e amêndoa torrada-. São, tão somente, 36 anos a transbordar de força e sedução que poderiam chegar ainda mais longe não fosse um vestígio alcoólico que não desgruda. Uma porção irrisória -cerca de 600 litros- de um líquido "Roxo" que, uma vez provado, o deixará de todas as cores.
Nota Média: 19.50

Yalumba Museum Release Tawny 50 Years old - Aromas muito, muito elegantes, frescos e sem apresentar nenhum cansaço. Infelizmente a boca não consegue acompanhar a excelência do nariz e é nitidamente mais directa, menos complexa, mais óbvia. E é pena, porque se a promessa do nariz se mantivesse tínhamos aqui um caso muito, muito sério...
Nota Média : 18,00


Um brinde
"Longa Vida ao Martim e á Matilde"
Pai


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