Puros & Vinhos

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

3ªProva á Quinta de 2008

Nesta Quinta Feira a prova fez-se ás cegas cada um dos elementos levou uma botija para a prova , sendo depois tapada a mesma, e provada de forma aleatória.
Fomos confrontados com muitas surpresas (desagradáveis), estiveram nesta prova nada mais nada menos do que 3 prémios excelência da Revista dos Vinhos, só um deles nos impressionou (Zambujeiro 2004) agradávelmente.

Comecemos pelo branco também provado em prova cega, embora eu soubesse os outros não faziam a mais pequena ideia do que estavam a beber.

Glen Carlou Quartz Stone 2006 Chardonnay 2006 (Africa do sul) – Foi a primeira vez que provei um vinho da Africa do sul, e posso dizer que fiquei bem impressionado. Este Chardonnay apresenta-se de cor amarelo ouro brilhante, um tom denso, cerrado e melancólico. Nariz austero, sério, percebem-se de imediato as notas de pêssego e maçã. Madeira de boa qualidade, ligeiro toque fumado, boa capa mineral, este Chardonnay respira seriedade por todos os poros e não esconde as suas ambições.Excelente entrada, volumoso, gordo, amparado por uma belíssima acidez, apresenta-se sempre em crescendo no palato. termina vigoroso e energético. E tem um final longo, penso que estamos perante um vinho com muitas virtudes. Nota: 17 (média: 16,70) Custo 19€

Cortes de Cima Syrah 2003 (Alentejo) – Penso que este vinho apresentou-se com algum defeito, a rolha estava desfeita, e eu já tinha provado este vinho anteriormente e não tive a mesma impressão da que tive nesta prova. Cor surpreendente para um vinho alentejano com 5 anos, pouco denso e com notas acastanhadas. Aroma a calda de tomate não muito agradável, com alguma extracção, ligeira doçura. Na boca o vinho é denso com sabores ligeiramente evoluídos, alguma maturação. Fim de boca médio. Vinho pouco vulgar. Nota pessoal: 12 ( média:12.7 ) Custo: 10,40€


Vale do Ancho Reserva 2004 (Alentejo) - Cor muito profunda e carregada como aliás seria de esperar num vinho em que a casta tintureira Alicante Bouschet entra na proporção de cerca de 50%. Um pouco alcoólico no nariz, notas vegetais, algum remédio e bastantes notas de caça nobre. Boa fruta no nariz, aromas quentes. Boca com taninos bem (muito bem) vincados, boa acidez, mas com boca um pouco plana no meio do palato. Final mais interessante, floral e com boa fruta. Parece tratar-se de um vinho sério, cheio de boas intenções, mas este ainda não é o momento certo para o consumir.
Penso que que haveria outros vinhos alentejanos, que merecessem mais o prémio excelência da revista dos vinhos do que este Vale do Ancho que me desiludiu muito pela falta de elegância e delicadeza. Nota pessoal: 14,5 (média final:14) custo: 29€

Zambujeiro 2004 (Alentejo) - Este alentejano estampa uma lindíssima e atractiva cor violácea sobre um fundo escuro. Encerra um rico aroma frutado, fruta vermelha e fruta preta, e desvenda sobretudo agradáveis notas florais, com realce para o lilás. Sente-se também a fragrância do bosque húmido, de cogumelos e o timbre de ligeiras notas de farmácia. Com o arejamento surgem algumas sugestões verdes, mas sempre proporcionadas. Como senão, o álcool ligeiramente a descoberto.Primeira surpresa, a acidez viva, inesperada num tinto alentejano. Alinha nitidamente na elegância, todo ele é suavidade, veludo, seda, um vinho apelativo e sedutor. A estrutura é interessante, denota uma certa ausência no meio do palato, mas o fim de boca é persistente e de boa qualidade. Os taninos são gulosos, quase doces, mas estão lá em profusão e asseguram um fim de boca muito longo. Nota:16,5 (Média Final: 16,3) Custo:34€

Quinta da Dôna 2003 (bairrada)- Cor muito bonita e concentrada para um vinho da Bairrada. O nariz está fechado, conseguindo as notas de frutos vermelhos sobressair um pouco. Na boca o vinho tem corpo médio/encorpado, boa acidez e concentração. No entanto a prova ainda é demasiado seca, com os taninos bem presentes a esconderem a fruta. Comprimento do palato e final de boca ainda moderados pela presença dos taninos. A evolução deste vinho promete ser muito interessante porque, apesar de o aroma estar fechado, são as notas de fruta que conseguem marcar. Apesar de seco na prova, tem uma boa concentração que poderá criar um vinho saboroso no futuro. Nota:13 (média final: 13.5) Custo 14€


O Mouro 2005 (Alentejo) - Nariz independente, alternativo. A complexidade conferida pelas especiarias envolve compota de cereja preta e tosta oriunda da madeira de estágio. Um vegetal, agreste, duro, confere uma frescura indispensável que marca o temperamento deste aroma. Na boca revela nervo e força, assentes numa forte dupla álcool-acidez, que conferem comprimento à estrutura de sabores. É fresco, vivo, mas ao mesmo tempo encorpado, quente. Esta força vincada necessita de tempo em garrafa para alcançar um equilíbrio desejado. Nota : 14 ( Média Final:14,2) Custo :19€


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sexta-feira, fevereiro 08, 2008

2ª PROVA Á QUINTA DE 2008

Desta vez convidamos cada um dos participantes na prova, a trazer um vinho para fazer uma prova cega, não propondo qualquer limite de escolha. Cada um podia trazer o vinho que lhe apetecesse.

Antes da prova começamos por um branco:

Quinta dos Roques Encruzado 2006 Dão – Este Encruzado tem cor amarelo suave. Aroma complexo e elegante, muito feminino, apresentando bastantes notas florais e limão fresco. Madeira muito bem integrada no conjunto. Na boca o vinho é muito elegante, obtendo um belo equilíbrio entre o corpo e a acidez. Curiosamente sentem-se algumas notas de fruta do tipo pêra misturado com limão verde, um ligeiro mineral. Tem um final médio/longo que nos dá muito prazer.
Gostava que esta minha impressão tivesse sido a mesma dos outros confrades sentados á mesa, o que não foi o caso, todos acharam que não era exuberante aromaticamente, nada complexo, sem acidez, tudo ao contrário do que vislumbrei no vinho. Mas tudo tem a ver com o momento e gosto pessoal.
Nota Pessoal 17 (Média:15,4)Custo: 10€

Depois começámos a prova, os vinhos foram sorteados e sairam para a mesa pela seguinte ordem:

Esporão Garrafeira Private Selection 2004 Alentejo - Este tinto de cor rubi começa por nos bafejar com fortes notas fumadas, uma colecção variada de aromas de torrefacção. Mas a fruta é uma aliada de peso, e não se faz rogada no copo, revelando a amora, cassis, ginga, e um toque exótico de figo. Entra fino e escorreito, quase feminino, delicado, para logo crescer em dimensão, sempre apoiado numa acidez fina que nunca ultrapassa as raias da decência. Sem ser volumoso é cheio, estruturado, denso, mas simultaneamente delicado. Final longo, bem prolongado e duradouro.
Nota Pessoal 17,5 (Média:17,5) custo:30€


Quanta Terra Grande Reserva 2005 Douro – Cor violeta linda, violeta pura, uma cor apelativa, voluptuosa, sensual. Na versão 2005, o Quanta Terra mostra-se de novo um vinho muito equilibrado, muito redondo, com alguns excessos. Revela um nariz muito marcado pela fruta madura, pela boa presença da barrica.A boca confirma a elegância, a finesse, a proporção. Possui uma estrutura arrebatadora e dominadora, mas com equilíbrio e harmonia. Acidez vincada e enorme frescura são qualidades que já lhe conhecíamos do passado.
Este vinho em prova cega consegue de certeza ter excelentes resultados pelas suas voluptuosas características, como se veio a verificar nesta prova.
Nota Pessoal 18 (Média:17,75) custo:17€

Mollydooker 'The Boxer' Shiraz 2006 Australia – Mollydooker é sinónimo de um Australiano canhoto, por essa razão é que o Boxer do rótulo tem duas luvas esquerdas. Robert Parker deu 94Pts e a Winespectator deu 90 Pts a este vinho.A cor deste australiano “canhoto” é impressionante de concentração e densidade, é negra. O aroma mostra notas especiadas, sobre uma intensa camada de fruta preta. Fruta preta rica, pura, fresca, ligeiro licor. A fruta, apesar de delicada, tem uma persistência incrível e o vinho mostra enorme estrutura. Os taninos são aveludados, a fruta (já tinha falado em fruta?) é expressiva. A conjugação e concentração de fruta preta, de cereja, de bagas silvestre e especiarias envolvem o palato de forma incrivel. Este é um daqueles vinhos que está sempre em crescendo na boca, com um final que termina em leque, numa verdadeira explosão de intensidade. Tem um pequeno problema os seus 16,5º que nos deixam completamente dormentes no final da prova.
Nota Pessoal 17 (Média:16,7) Custo: 20€ + transporte (13€ londres)


Xisto 2004 Douro - A cor é bastante aberta, pouco profunda, ligeira, mas bem vermelha. O nariz é francamente agradável, tem aromas muito minerais, terrosos, com bastante fruta preta, fruta doce mas agradável. Na boca é encorpado, taninoso mas elegante, muito concentrado, tem um final de boca prolongado. Um belo vinho.
Nota Pessoal 16,5 (Média: 16,4) Custo: 30€



Já fora da prova cega um dos confrades confrontou-nos com outro vinho, para continuar a animada conversa de mesa.


Casillero del Diablo Cabernet Sauvignon Reserva 2005 Chile - Nariz preenchido por groselha, bem refrescado com um toque vegetal. A madeira confere-lhe leve baunilha e estrutura. Na boca tem presença, personalidade, boa amplitude. O final é moderado/longo, equilibrado por uma acidez e taninos suaves. É um vinho bem feito que não desilude ninguém.
Nota Pessoal 15,5 (Média: 16,33)



E outro confrade para terminar trouxe outro licoroso que foi provado em prova cega também.

Warre’s LBV 1995 - Nariz de boa intensidade, revelando a força da amora e cereja, apetecíveis. Um toque a resina e chocolate completa um perfil que aposta na concentração em detrimento da complexidade, parecendo, por vezes, estar mais perto de um Vintage que de um LBV. Na boca mostra uma força pouco usual para um LBV, estimulando o palato de forma intensa e longa. O final, limpo por uma acidez fresca, é estruturado por taninos rijos que deixam persistência a madeira. Apesar do ataque revelar certa agressividade, no conjunto, este LBV surpreende em vários aspectos. Como qualquer vinho do Porto, beba-o relativamente fresco. Nota Pessoal 16,5 (Média: 17) custo 17€



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