Puros & Vinhos

sexta-feira, junho 27, 2008

SÉTIMA PROVA Á QUINTA

Lá nos juntámos mais uma vez para uma prova cega, onde estiveram presentes 7 confrades como júris isentos e INDEPENDENTES.

Volúpia 2007 Br (Bairrada) - Cor amarelo limão. Nariz um pouco mudo, pouco comunicativo, por enquanto não nos quer contar muito sobre si nem revelar os seus pensamentos mais íntimos. Isso não impede que se consiga detectar a presença agradável da ameixa amarela, do limão e da lima, bem como o aroma tão característico da flor de laranjeira. Sentem-se alguns aromas vegetais ainda "verdes", umas notas herbáceas que por não serem exageradas lhe conferem alguma frescura e irreverência.
Acidez
viva e equilibrada, volta a apresentar-se vegetal na boca. Final médio, intensidade generosa, seco, não esconde a sua queda para o alperce seco e para a ameixa. É um branco fresco e refrescante, um vinho muito honesto que não deixa ninguém ficar mal. É além disso um bom branco para o Verão, para a esplanada e para acompanhar peixe.

Média Final:15

Preço:4€

Hardys Nottage Hill Chardonay 2006 Br (Austrália) - Nariz fresco, dividido em dois distintos conjuntos aromáticos. Por um lado, surge uma mineralidade forte, quase ferrosa, completada por nuances vegetais frescas, e, por outro, existe uma concentração de aromas a mel, ananás, melão e figos muito interessante. Na boca é carregado nos sabores a mel, espessos, enquadrados e avivados por uma acidez fresca, muito equilibrada. Esta estrutura conduz um final de boca moderado/longo, elegante, leve, de pendor mineral no pós boca. Um vinho de perfil moderno que agradará facilmente à maioria dos consumidores. Além de ser capaz de acompanhar tanto pratos de carne ou peixe. Penso que este vinho foi um bocado penalizado devido á temperatura ter sido um bocado elevada.

Média Final:14,58

Preço: 9€

Covela Escolha 2006 Br (Minho) - A cor é amarelada. O nariz emana a força de frutos secos, de estilo amendoado, e da madeira com nuances a baunilha, confirmando o estágio em madeira. O estilo cremoso é completado por uma frescura vegetal, a lembrar erva cortada, e por um subtil floral. A boca reserva uma surpresa muito agradável, revelando um vinho cheio e untuoso, sem excessos. Termina longo, equilibrado por uma acidez viva, perfeitamente enquadrada na estrutura, conferindo-lhe uma leveza inesperada. Os sabores, de complexidade média, revelam sensações minerais e vegetais bastante refrescantes. Acompanhe com um peixe grelhado num dia ameno de Verão.

Média Final:15,79

preço: 9€

Herdade de São Miguel Reserva 2005 Tn (Alentejo) - Cor vermelho granada, com bordo vermelho carnudo. Aroma fino, com provas flagrantes de madeira de boa qualidade, sem exageros, com peso e medida. Nariz com notas canforadas e fruta, fruta vermelha e preta, com primazia para as amoras, groselhas, ameixas e um pouco de cassis. Todo o aroma aponta para a frescura, para um leve indicativo vegetal, sem agressividade e com uma indicação de chocolate no final.
Redonda e cheia, a bo
ca apresenta-se num crescendo de força que culmina num final algo explosivo, possante, expansivo, embora sem mostrar sintomas de violência gratuita. Todo o percurso deste vinho na boca é sedoso, macio, franco, sem indícios de agressividade ou asperezas grosseiras. Final de boca possante, com um crescimento surpreendente pela potência e intensidade.

Média Final: 16,86

Preço: 16€

Gnarly Head Lodi Zifandel Old Vines 2006 Tn (California/USA) - Cor vermelha profunda, com bonitas notas grenat no bordo. Aroma directo e evidente a fruta vermelha, muita fruta, tanta fruta que por momentos temos a sensação de estar perante um sumo de fruta concentrado! Não há rodeios nem subtilezas, impera a fruta e é disso que trata o aroma. E pouco mais há a acrescentar neste capítulo.
A boca é muito redonda, muito certinha, sem qualquer sinal de agressividade, muito frutada, sem qualquer sinal de aspereza. Taninos muito suaves, doces, fim de boca curto. Não tem qualquer tipo de defeito e
pode ser um excelente acompanhamento num churrasco, onde bebido despreocupadamente ao ar livre fará as delícias com um belo secreto ou entrecosto de porco.

Média final:13,86

Preço: 11,50

Conde de Serpa 2004 Tn (Alentejo) - Cor ligeira, com os bordos tijolados. Aroma com sugestões de couro e mesmo notas animais. Na boca confirma a lembrança do Alentejo, excepto na acidez que é vincada. Algo ligeiro na boca, este vinho já terá ultrapassado a fase óptima para consumo. Definitivamente não vale a pena guardá-lo na garrafeira.

Média Final: 13,22

Preço: 9.99€

Campo Viejo Gran Reserva 2001 Tn (Rioja/Espanha) - Cor vermelho clara, já com os bordos acastanhados. A primeira sensação transmitida por este Rioja é o desequilíbrio alcoólico bem perceptível. Sensação essa que infelizmente vai sendo confirmada ao longo da prova. Decididamente um vinho a que falta equilíbrio. Mas há mais aromas neste vinho, há lá alguma fruta, café, ligeiro tostado, couro e um pouco de cedro. Na boca o álcool também não é discreto, bem antes pelo contrário. O vinho é agressivo e amargo no final, isto embora tenha um final longo. Estranhamente transmite uma imagem de bosque húmido e algum caramelo.

Média Final: 14,50

Preço: 10€

Vertice Grande Reserva 2003 Tn (Douro) - Aroma curioso, com muita groselha e mirtilos, bem como um toque canforado que lhe confere personalidade original. Delicado no aroma, apesar de se perceber a madeira, esta não caustica as narinas, nem se sobrepõe aos delicados frutos vermelhos.
A madeira está mais intensa e perceptível na boca, o vinho está menos delicado e mais directo e surge alguma secura final. Estrutura média, está mesmo na fronteira da agressividade da secura do famoso tanino português, mostrando final de intensidade média. Não me parece ser um vinho de guarda, devendo ser consumido num prazo de três a quatro anos. Por fim, uma pequena palavra para o rótulo... não lhe ficava nada mal uma reformulação...

Média Final:15,65

Preço: 12€

purosevinhos@gmail.com

sábado, junho 07, 2008

UM CONVITE AO SR. ALICANTE PARA ESTAR Á MESA COM OS PUROS & VINHOS



Estou a escrever esta crónica directamente de Porto Santo. O jantar de dia 30 de Maio de 2008 dos Puros & Vinhos teve a participação dos seguintes elementos do grupo: Luís Diniz, Paulo Sousa, Nuno Anjo, Nuno Santos, Nuno, Mário João, António Matos, Pedro Lilaia, Serra e Malé.
Este jantar teve uma participação menos concorrida não deixando de ser um tremendo jantar devido aos néctares escolhidos para o evento.
Uma nota para dizer que a prova de vinhos tintos foram feitas ás cegas.
Aqui fica a descrição dos vinhos provados no jantar:

Ruinart Rose Champagne (França) - Este champanhe de uma das casas mais famosas mostra cor salmão leve, esboçando ligeiros tons acobreados e algum âmbar. Bolha fina e persistente. Aroma pouco expressivo. contido, reservado, está muito longe de ser exuberante ou um vivaço. Numa primeira fase apenas revela leves traços de bagas silvestres, com particular relevo para a groselha e framboesa, a que mais tarde se junta erva seca, palha e um pouco de avelã. Numa fase mais avançada, surgem intrigantes sugestões de rebuçado e um leve toque anisado que surpreende pelo inesperado.Mousse abundante, está significativamente mais rico na boca, mais expressivo e falador. Acidez qb, solta sensações peculiares. Recorda romã pelo aroma, morango no fim de boca, e sobretudo, muito, muito dióspiro pela prova de boca. Nada de dióspiros madurões, mas sim o dióspiro ainda na fase inicial de maturação, na conversão de fruta verde para madura.Final de boca interessante, elegante, sedoso, embora levemente pouco expressivo. Média Final:14,56

Cape Mentelle Sauvignon Blanc Semillion 2006 Margareth River (Áustralia) - Atenção, este não é um vinho para os fracos de coração. Se estiver constipado não vai precisar de Nasex, basta aspirar os aromas fragrantes para se sentir de novo em forma. A capacidade aromática, e sobretudo, a intensidade, são espantosas e esmagadoras. Pode-se gostar ou não, mas ninguém fica indiferente a este vinho.
Espalhafato, lantejoulas e brilhantes, e todos sabem que a festa vai começar. Primeiro são as dramáticas notas tropicais a desamparar o olfacto, um tsunami de manga, maracujá, lichias, abacate e papaia a varrer o nariz de forma tremenda. Logo de seguida ataca a segunda linha numa onda vegetal dominadora, muito espargo branco e relva fresca, húmida, molhada. Ainda sobra tempo e espaço para o melão, chá, flor de laranjeiral. Tudo intenso, embrulhado num conjunto agradável, embora ofuscante e ostentatório.A boca surge mais integrada, mais composta, mais madura, porque mais calma e segura. Acidez bem integrada, fruta fresca presente em fartura mas mais calma, tudo se conjuga para que passe melhor o teste da boca. Final médio, é um vinho fascinante, um vinho que qualquer enófilo que se preze devia provar, mas também um vinho unidireccional e levemente cansativo.Falta-lhe complexidade, mas sobra-lhe alegria e entusiasmo contagiante. Média Final- 15,65

Quinta dos Carvalhais Único 2005 (Dão) - Este “Único” apresenta-se mais negro, denso, cerrado, espesso, maciço do que porventura será legal! Um vinho com este aspecto devia pagar imposto especial! É tão carregado, rico e puro que até assusta e perturba! O nariz transmite sensações de licor de cereja, especiarias, gingas, ameixa preta, cerejas, amoras, um sem fim de fruta preta musculada e concentrada. É um vinho a que se torna difícil resistir, um vinho coberto de personalidade e amplo de exuberância.Energético, denso, glicerinado, super concentrado, quase se consegue mastigar e trincar. Mas atenção, em momento algum o vinho perde o equilíbrio ou cai no ridículo, cede à tentação da doçura ou aos excessos do álcool! O palato fica coberto de fruta preta no ponto, sem arestas, sem securas, sem doçuras, assente num interessante equilíbrio que o permite ser apreciado agora. Um grande vinho! Média Final – 17,05

Pequeno João Magnum 2004 (Alentejo) – Desde já tenho a agradecer a amabilidade do confrade Mário João por ter oferecido esta garrafa ao grupo para a prova. Não escapou ao confronto directo com grandes vinhos e o contraste de estilos acabaria por penalizá-lo. Está longe de encaixar na máxima "foi amor à primeira vista" porque as tonalidades rubi com mediana concentração indiciam uma evolução precoce. O aroma também não deslumbra porque se sente o impacto da madeira, porventura excessivo e, eventualmente, usada. O nariz, que de início se mostra pouco expressivo, acaba por evoluir em doçura com as notas de figos e o toque a fruta em passa a ditar as regras do jogo. Mediano na estrutura, com a acidez a desequilibrar ligeiramente o conjunto. Bom comprimento final, mas nada de esmagador. A prolongada permanência no copo acaba por prejudicar a componente aromática e o conjunto ressente-se por isso. Média Final: 15,50

Paulo Laureano Alicante Bouchet 2005 (Alentejo) - Vemos um vinho escurinho, de linda cor granada, quase violeta nos bordos, um vinho que aromaticamente nos transporta de imediato para o universo Alicante. Fruta vermelha madura mas fresca, muita groselha, um pouco de morango e framboesa, mesmo um salpico de mirtilo, sempre associados a um leve toque fumado da madeira.Boca muito fresca, frutada, algo leve, temos um vinho muito alegre, bem disposto, com taninos controlados, suaves e envolventes. Redondinho ao extremo, não existe nenhuma aresta por limar, tudo está certinho e bem arrumado, muito polido, muito cerimonioso e cortês. É difícil, se não impossível, não gostar, mas não chega a arrebatar o coração. Média Final: 16,45

Júlio B. Bastos Alicante Bouchet 2004 (Alentejo) - Cor vermelha profunda, rotunda, com bordos mais aligeirados. É complexo, fino e elegante, com delicadas notas fumadas. O nariz também é rotundo, potente, carregado de fruta de qualidade e maturação irrepreensíveis. Ele são cerejas, groselhas, cassis, amoras, uma multiplicidade de frutas vermelhas e pretas em profusão. Mas há muito mais neste vinho que a simples presença da fruta. Também se destinguem notas especiadas, tabaco, cacau, aromas terrosos e balsâmicos sobre um fundo de violetas. Enfim uma variedade de sensações que enriquecem a prova e a sua complexidade.A boca é estruturada, com taninos marcados ainda a necessitar do polimento do estágio em garrafa. É no entanto um vinho guloso, fresco, saboroso, carnudo, um vinho extremamente agradável e apelativo. Infelizmente tem uma produção limitada que irá impedir a sua divulgação generalizada. Fim de boca longo e intenso. Média Final: 17,35

Campbells Rutherglen Muscat (Austrália) - É já sabida a capacidade que a Austrália tem de fazer bons vinhos generosos! Mas, surpresa das surpresas, é o potencial dos seus moscatéis, capaz de surpreender qualquer um. Citando Jancis Robinson no seu livro Guia de Castas, "a Moscatel é dos grandes nomes históricos do vinho, tanto de uvas como de vinhos. De facto, as uvas Moscatel - e existem pelo menos quatro castas principais de Moscatel, com várias cores de bagos - produzem, como muito poucas, vinhos que realmente sabem a uvas". Nariz intenso, meloso e complexo. O mel envolve sensações a noz, figo e fruta cristalizada. A forte presença de aromas a casca de laranja e limão, de perfil cristalizado, conferem-lhe uma forte personalidade e intensidade.Na boca é muito espesso, untuoso, denso nos sabores a frutos secos e fruta cristalizada, de perfil cítrico. Por incrível que pareça a acidez consegue limpar o peso da doçura no pós boca! Termina longo sem que nos cansemos dos seus 17,50% de álcool. Média Final – 17,33

Para finalizar tenho de dar mais uma vez os parabéns ao Chef Jaime do Hotel Lezíria Parque em Vila franca de Xira pelo excelente repasto porporcionado, e também ao Luís pela seu profissionalismo e disponibilidade para porporcionar mais uma excelente prova.

purosevinhos@gmail.com

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