Puros & Vinhos

segunda-feira, dezembro 17, 2007

"Tremendo" Jantar de Natal 2007 com as Marias junto á Vinha da Ponte


Mais uma vez o grupo Puros & Vinhos, juntou-se á mesa para fazer uma "tremenda" prova cega de vinhos. O grupo este ano estava muito reduzido devido a problemas de calendarização que surgem nestas alturas festivas, e uma delas teve a ver com a saúde de um dos elementos mais emblemáticos deste grupo o Sr. António Chaparro, que já está melhor da saúde mas não está muito bem por ter perdido este jantar.
Estavam presente os seguintes elementos: Luis Diniz, Paulo Sousa, Serra, Mané, João Pedro, Pita, Nuno Anjo, Nuno Santos, Malé, Luis Pedro e o Mário João.
Os vinhos escolhidos foram os seguintes: Champagne Jacquesson Cuvée 731 e Conceito Branco 2006 para o começo do jantar.
Para a prova cega foram escolhido 4 vinhos: Dona Maria Reserva 2004, Marias da Malhadinha 2004, Termanthia 2003 e o Quinta do Crasto Vinha da Ponte 2004.
Estavam assim reunidas as condições para mais uma excelente prova cega, que se perspectivava difícil e de elevada qualidade.
Deixo aqui a média das notas atribuídas aos vinhos provados em prova cega, por ordem de saída:
Dona Maria Reserva 2004 - 17,30
Marias da Malhadinha 2004 - 16,90
Termanthia 2003 - 17,25
Quinta do Crasto Vinha da Ponte 2004 - 17,60
Champagne Jacquesson Cuvée 731 - Ouro palha a trazer à memória a tonalidade pérola. Nariz a trazer à superfície a marca do fermento, a maçã, os citrinos e os frutos secos, tudo envolto numa ambiência suavemente tostada. Ataque bastante macio e mosse com boa cremosidade a realçar a notas de maçã e fruto seco no meio do palato. Final consistente, moderado na secura e deixando uma impressão geral de elegância e finura. Nota : 14,35


Conceito Branco 2006 (Douro) - Este Conceito indica logo no primeiro contacto que é um vinho encorpado, cheio, carregado de personalidade, um branco que nos aponta um caminho seguro para o lado floral, misturado com muita pimenta branca e fortes indícios de tomilho. Enterradas nas profundezas do copo, despontam leves sugestões citrinas.Possante, glicérico, entroncado, e um pilar de segurança, um vinho robusto sem nunca ser rude. Acidez muito bem integrada, será difícil encontrar um vinho que se adeqúe mais à mesa que este Conceito 2004.. Não o perca, prove-o com muita atenção, e verá que lhe será impossível resistir.Um excelente Conceito do que deve ser um vinho branco. Nota: 16,85
Dona Maria Reserva 2004 Tn (Alentejo) –Apresenta cor vermelho vivo, quase violeta, com boa concentração e excelente impacto visual. É muito interessante verificar que a primeira "cheiradela" transmite de imediato uma vigorosa sensação de mineralidade e de expressão de "terroir". Bom sinal e um bom começo! Depois, depois surgem em leves tranches a fruta elegante, discreta, muito bem comportada. Fruta distinta e muito sóbria, sem sinais de sobre maturação ou sobre-extracção. É notória a finura aromática transmitida, a sensação de equilíbrio emanada, a paz Zen, a quase espiritualidade. Finalmente percebe-se que a madeira só o ajudou, sem marcar a prova, antes servindo de suporte, potenciando as suas virtudes aromáticas.A boca é um modelo de finura e elegância. É distinta, nobre, aristocrática, sóbria. Final longo, muito longo, extremamente longo... temos vinho! Tanino presente, potente mas sensível e muito bem integrado, acidez vincada mas sustentadora, estamos perante um vinho atípico de Portugal e que pouco tem a ver com os seus vizinhos alentejanos.Um belo vinho alentejano. Nota: 17,30


Marias da Malhadinha 2004 Tn (Alentejo) – Comecemos pela cor vermelho rubi brilhante, grande concentração e menisco violáceo. Aromas amplos, "espaçosos", envolventes, uma combinação sóbria e bem gerida de fruta, tosta e aromas secundários. Falemos então da tosta e dos austeros aromas fumados, da elegante presença da cereja, ameixa e groselha, do chocolate preto, do couro, da distinta presença mineral e das suaves notas adocicadas que marcam o final.Um conjunto deveras atraente e onde o álcool não marca presença.Boca cheia, poderosa, consegue conjugar elegância com austeridade e energia. Taninos sólidos mas bem acomodados, estrutura mediana que não impressiona pela potência mas sim pelo charme. Acidez viva, ainda precisa de mais tempo para ganhar amplitude na fruta e integrar a madeira e acidez na perfeição. Final médio/longo, suave e intenso, temos um vinho elegante que apetece beber... e guardar! Nota: 16,90

Termanthia 2003 Tn (Toro/Espanha) - O primeiro impacto não engana - estamos perante um grande vinho. Nariz denso, profundo, com fruta madura a lembrar compota de cereja e ginga. A madeira confere estrutura ao carácter da fruta, introduzindo componentes a café, caramelo e chocolate. Mas a virtude reside na vivacidade e frescura deste conjunto de aromas, carinhosamente envolvidos por uma vertente vegetal/balsâmica. Na boca revela força, estrutura, densidade. Os taninos pujantes, plenos de densidade, agarram o palato com garra, aprofundando sabores a fruta e café. São secundados por uma acidez fresca que prolonga a nossa imaginação para além do real. Tem raça e futuro este grande Toro. Se aprecia a opulência, aconselho que o acompanhe com uma carne de sabor intenso. Nota: 17,25


Quinta do Crasto Vinha da Ponte 2004 Tn (Douro) - Nariz bastante original e distinto. Inicialmente, os aromas a tabaco, a fumo e a pólvora marcam um perfil "explosivo". Com a evolução no copo, a complexidade torna-se evidente, com cheiros a fruta, a licor, a canela, e a torrefacção. Na boca a acidez viva é muito agradável. Os taninos envolvem-se na concentração de sabor, criando uma textura aveludada que perdura no palato médio. O final de boca é persistente e complexo, com sabores a fruto preto e tabaco. Um vinho que, para o meu gosto, peca, apenas, por ter aromas demasiado "fumados". Mas, a prova de boca é inesquecível. Nota: 17,60
Para a sobremesa o vinho escolhido foi:


Alvear Pedro Ximenez de Añada 2004 Sobremesa ( Espanha) – Apresenta uma bonita cor âmbar escuro, quando cai no copo é muito meloso e denso. Aromas a figos muito maduros. Na boca segue o caminho do figo muito doce, tem de ser bebido muito fresco, senão pode tornar enjoativo. Final longo, muito longo. Teve 96pt na Wine Advocate de Robert Parker. Nota: 16,50
E para final de jantar, a acompanhar os belos Puros escolhidos por cada um para o jantar o seguinte vinho:

Quinta do Vesuvio Vintage 2005 Porto - Descrever a cor deste vinho é uma tarefa perfeitamente inócua: é tudo preto, à excepção dos tons violáceos do bordo. A aproximação ao nariz é pautada por uma enorme doçura de fruto, nada enjoativo, em harmonia perfeita com um cunho vegetal muito vincado donde, esporadicamente, se liberta uma fragrância floral de extrema sensualidade. De tudo isto emerge um conjunto cheio de força e vigor, impressionante na frescura, com o vinho a suplicar que o mastiguem. Uma prova sempre em crescendo que culmina com aquela sensação de «tremor» nas gengivas... Indescritível. Ao concluir esta nota de prova o final de boca ainda lá estava. Que mais se pode exigir a um vintage novo? Só se for que envelheça!
Foi uma oferta do confrade Luis Pedro que comprou este vintage por ser do ano do nascimento da sua filha Joana. Por isso um brinde á Joana. Nota: 18,36

Falta falar do aspecto gastronómico, lamento dizer mas não conseguiu acompanhar o nível dos vinhos, embora o seu Buffet Campestre seja bom, as pessoas puseram-nos literalmente na rua, o que foi manifestamente desagradável. Salvou-se um elemento o sr. Diogo que fez um excelente acompanhamento da prova, mostrando todas as suas qualidades no servir bem e bem receber.
Um espaço tão agradável a meia hora do bulício da capital com as lezírias por companhia a as correspondentes beleza, tranquilidade e paz ; integrado no espaço da centenária Companhia das Lezírias fundada em 1836, vinte mil hectares de terras dedicadas á agricultura, á pecuária e á floresta convidam a uma refeição tranquila em pleno ambiente campestre, merecia melhor atenção por parte das pessoas responsáveis.
purosevinhos@gmail.com

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