Puros & Vinhos

quinta-feira, abril 08, 2010

Duas provas á Quinta

Este post são os resultados das duas ultimas provas á quinta, feita pelos Puros 6 vinos. Não foi possível realizar mais cedo devido a falta de tempo.

No dia 3/03/2010 foi feita uma prova onde o tema era Monocastas, onde fomos presenteados com os seguintes vinhos:

Pactus Pinot Gris 2009 (região de Lisboa) - Embora o nariz não seja muito comunicativo, descobrem-se notas minerais agradáveis, abundante fruta citrina com predominância de limão.Na boca é a maçã Granny Smith que comanda, muita maçã verde num vinho austero e seco no final, com um belo comprimento de boca. Uma junção curiosa entre potência, estrutura, secura e finura no mesmo copo. Média Final:15,50

Quinta dos roques Encruzado 2006 (Região do Dão) – na minha opinião foi uma grande decepção, provei este vinho em 2008, onde dei a minha modesta opinião neste espaço, e achava que seria um bom vinho de guarda. Pois este encruzado mostrou-se moribundo, cheio de maus aromas e afectado pela velhice. Desde aromas a fumos, passando por uma boca excessivamente doce. Desilusão. Média Final: 13

Terra D'Alter Alicante Bouchet 2007 (Região do Alentejo)- Nariz independente, alternativo. A complexidade conferida pelas especiarias envolve compota de cereja preta e tosta oriunda da madeira de estágio. Um vegetal, agreste, duro, confere uma frescura indispensável que marca o temperamento deste aroma. Na boca revela nervo e força, assentes numa forte dupla álcool-acidez, que conferem comprimento à estrutura de sabores. É fresco, vivo, mas ao mesmo tempo encorpado, quente. Esta força vincada necessita de tempo em garrafa para alcançar um equilíbrio desejado. Média Final: 15,50

Quinta do cardo Touriga Nacional Reserva 2006 (Região das Beiras) - Nariz complexo, original, distinto, misturando amora e mirtilo com um toque balsâmico, a feno e a caruma de pinheiro. Na boca transparece atributos de peso como elegância, finesse e subtileza. Apresenta-se redondo, complexo na longa evolução, fresco. A estrutura não impressiona mas a qualidade dos sabores a fruta, especiarias e vegetal estimulam positivamente o sentido do paladar. Média Final: 15,08

Campolargo CC 2004 (Região da Bairrada) - Cor vermelho clara, já com os bordos acastanhados. A primeira sensação transmitida por este Bairrada é o desequilíbrio alcoólico bem perceptível. Sensação essa que infelizmente vai sendo confirmada ao longo da prova. Decididamente um vinho a que falta equilíbrio. Mas há mais aromas neste vinho, há lá alguma fruta, café, ligeiro tostado, couro e um pouco de cedro. Na boca o álcool também não é discreto, bem antes pelo contrário. O vinho é agressivo e amargo no final, isto embora tenha um final longo. Estranhamente transmite uma imagem de bosque húmido e algum caramelo. Média Final: 15,25

Scala Coeli 2007 (Região do Alentejo) - O vinho, apresenta-se com aroma frutado, muito frutado mesmo, mas com fruta de bom recorte, fruta elegante, uma tentação quase irresistível que prima pela elegância. Leves notas de barrica, a fruta percorre a ameixa e a cereja, e termina com um pouco de canela e cravinho, sempre elegante, sempre sedutor.
Boca possante, intensa, frutada, muito elegante, mas simultaneamente austero e delicado. Entra fino e sóbrio, quase feminino, para logo crescer em leque e terminar num eterno crescendo que se recusa a parar. Acidez bem acasalada, excelente espinha dorsal, consegue aliar potência e
elegância com rara felicidade. A média final não reflecte o que foi descrito porque muitos dos provadores não gostaram, uns por acharem que era um vinho sabe ao que cheira (eu não penalizo o vinho por este factor), e por outras razões. Média Final:14,75

Esporão AB 2007 (Região do Alentejo) - Cor pronunciada, com intensidade alta. Aromaticamente pouco potente, quase discreto, mas limpo e muito elegante. Recorda fruta vermelha madura, algum mineral e algum vegetal. A presença de baunilha no aroma, bem como alguns aromas balsâmicos, não deixa dúvidas sobre o estágio que este vinho sofreu. Mas atenção, tudo proporcionado, discreto, fino, talvez mesmo um pouco discreto demais. Ao longo da prova o cacau, a tosta, o licor, as ervas aromáticas vêm acrescentar complexidade a este curioso vinho. Um desafio para o provador.
A boca é carnuda, equilibrada, longa, com taninos elegantes, quase doces. Confirma-se a fruta discret
a na boca, alguma tensão, boa estrutura e um final amplo e persistente. Excelente evolução na boca .Média Final:16,33

Quinta do Monte D'Oiro Reserva 2005 (Região da Estremadura) - Cor vermelho granada, com bordo vermelho carnudo. Aroma fino, com provas flagrantes de madeira de boa qualidade, sem exageros, com peso e medida. Nariz com notas canforadas e fruta, fruta vermelha e preta, com primazia para as amoras, groselhas, ameixas e um pouco de cassis. Todo o aroma aponta para a frescura, para um leve indicativo vegetal, sem agressividade e com uma indicação de chocolate no final. Redonda e cheia, a boca apresenta-se num crescendo de força que culmina num final algo explosivo, possante, expansivo, embora sem mostrar sintomas de violência gratuita. Todo o percurso deste vinho na boca é sedoso, macio, franco, sem indícios de agressividade ou asperezas grosseiras. Final de boca possante, com um crescimento surpreendente pela potência e intensidade. Média Final: 16,17

A outra prova realizou-se no dia 24/03/2010, mas sem nenhum tema pré definido, onde fomos presenteados com os seguintes vinhos:

White Note TN 2008 (Região do Dão) – Mostra cor rubi de concentração mediana, aromas a apontar para a fruta madura e doce, um toque de vegetal seco e uma pincelada de pimenta branca. Corpo franzino, confirma a mensagem transmitida pelo nariz, com fruta doce, simples e sincera, mostrando um final de intensidade e comprimento mediano. Taninos ligeiros, temos um tinto muito leve que precisa engordar em futuras edições. Média Final: 15,67

Casa de santa Vitória TN 2007 (Região do Alentejo) - Aroma curioso, com muita groselha e mirtilos, bem como um toque canforado que lhe confere personalidade original. Delicado no aroma, apesar de se perceber a madeira, esta não caustica as narinas, nem se sobrepõe aos delicados frutos vermelhos. A madeira está mais intensa e perceptível na boca, o vinho está menos delicado e mais directo e surge alguma secura final. Estrutura média, está mesmo na fronteira da agressividade da secura do famoso tanino português, mostrando final de intensidade média. Média Final:15,83

Quinta do Couquinho Grande Reserva 2007 (Região do Douro) - Começando logo pelo impacto visual, pela cor púrpura retinta, quase preta, intensa, com bordos violetas muito escuros. É logo um começo impressionante. O aroma é denso, espesso, carregado, pastoso, sugerindo de imediato um vinho profundo e misterioso. Sente-se muito ligeiramente a madeira, mas sem sobressaltos. Maduro, imensamente frutado, com fruta rica, carnosa, complexa, sempre equilibrada e com alguma tensão .O ataque na boca é excelente, poderoso mas contido, contundente mas preciso. Belíssima acidez, tem um recorte, uma moldura mineral, muito elegante, "fresca" e intensa. Taninos musculados, maciços, mas superiormente integrados na estrutura do vinho. Está gordo, carnudo, é está cheio de potencial para ainda crescer. Média Final: 16,50

Quinta do vale Dona Maria 2006 (Região do Douro) - Cor muito bonita e concentrada para um vinho da Bairrada. O nariz está fechado, conseguindo as notas de frutos vermelhos sobressair um pouco. Na boca o vinho tem corpo médio/encorpado, boa acidez e concentração. No entanto a prova ainda é demasiado seca, com os taninos bem presentes a esconderem a fruta. Comprimento do palato e final de boca ainda moderados pela presença dos taninos. A evolução deste vinho promete ser muito interessante porque, apesar de o aroma estar fechado, são as notas de fruta que conseguem marcar. Apesar de seco na prova, tem uma boa concentração que poderá criar um vinho saboroso no futuro. Média Final:16,17

Piano grande Reserva 2005 (Região do Douro) - Os aromas são dominados por uma sensação de terra húmida, fruta vermelha e preta, um certo aroma campestre que não é frequente. No entanto está sempre presente um componente rústico que a prova de boca se vai encarregar de confirmar. É guloso na boca, frutado, rústico, mas sobretudo revela uns taninos super-poderosos. É adstringente em demasia para o meu gosto, o que lhe retira algum do prazer na prova e o torna demasiado rústico. É um vinho sólido, mas a quem falta elegância. Média Final:16,33

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