7 é o símbolo gráfico sagrado e perfeito (segundo Pitágoras) de qualquer manifestação do Divino na Terra como no Cosmos. Temos: os 7 dias da Criação do Mundo, os 7 Raios da Luz Sem Fim, o “7º Céu”, os 7 Arcanjos do Trono de Deus, os 7 degraus da Escada de Jacob referidos na Bíblia que representam os 7 Planetas Sagrados com Aura astro-etérea de ascenção astrológica por onde temos de passar até chegar á Perfeição… Na Terra temos: as 7 cores do Arco-Iris, os 7 dias da semana, as 7 notas musicais, as 7 artes, os 7 ‘chakras’ do corpo humano, os setes grupos de vértebras, os 7 orifícios no crânio, as 7 virtudes humanas, os 7 pecados capitais, os 7 anos de idade para cada fase da mudança de personalidade, etc.. Se estiveres atento verás que…, tudo se processa no Universo dentro dum ritmo Septenário, isto serve como introdução ao que se passou no 7º aniversário dos Puros & Vinhos.
Para que tudo o que foi dito tivesse mais sentido, os 18 confrades dos Puros teriam de estar presentes no jantar, o que mais uma vez não foi possível. O jantar do dia 7 de Novembro teve a participação dos seguintes 11 confrades: Luis Diniz; Paulo Sousa; António Chaparro, Nuno Anjos; Bernardo Malhador; Rogério Garcia; Mário João; António Amaro, Nuno Cardoso, Rui Pita e Pedro Lilaia.
Para acompanhar o Amouse – Bouche do Chef foi servido a DONA RAQUEL TRAJADURA 2009 oferecido pelo confrade Mário João. Apresentou-se com uma cor amarelo citrino com sugestões esverdeadas, aspecto cintilante, com presença de bolha muito fina, consequência provável da sua extrema juventude. A primeira sensação a atingir o olfacto é a extraordinária fragrância a jasmim que se liberta deste sensual Trajadura, um regalo para o olfacto. Logo de seguida o vinho fecha subitamente, revelando notas interessantes de casca de pêssego, virando decididamente para uma forte componente vegetal, nomeadamente relva acabada de cortar. É neste momento que se acentua o carácter mineral que o acompanhava desde início, dando origem a um vinho de forte personalidade. Após prolongado arejamento, a componente tropical sai reforçada, com a presença objectiva do maracujá, abacaxi e lichias que por vezes sugerem alguma doçura de aroma. Média Final: 15,28
De seguida foi-nos servido a entrada, um Ceviche de Vieiras e bacalhau que estava divinal tanto de aroma como de sabor. Foi acompanhado pelo GURU 2009 que apresenta-se de cor amarelo ouro brilhante, um tom denso, cerrado e melancólico. Nariz austero, sério, percebem-se de imediato as notas de pêssego e maçã. Madeira de boa qualidade, ligeiro toque fumado, boa capa mineral, respira seriedade por todos os poros e não esconde as suas ambições.
Excelente entrada, volumoso, gordo, amparado por uma belíssima acidez, apresenta-se sempre em crescendo no palato. Termina vigoroso e energético. E tem um final longo, penso que estamos perante um vinho com muitas virtudes. Média Final: 16,94
Passando aos dois pratos principais, o Lombo de Salmonete sobre Spaguetti Nero e molho Madras Chutney de manga (Peixe) e Filete de Cordeiro de leite no Forno e cebolinhas em Balsâmico, alecrim e tomate provençal (carne). Ambos mostraram-se ao nível dos vinhos que os acompanhou em prova cega, ou seja AO MAIS ALTO NÍVEL.
Saíram na seguinte ordem:
MOUCHÃO TONEL 3-4 2005, cor preta, retinta, quase opaca. Aroma impressionante, austero, mas poderoso e profundamente intenso. Intimida qualquer um na primeira aproximação olfactiva! É um monólito que impõe respeito e disciplina, criando enormes expectativas.
Com algum arejamento a fruta ataca em força e sem contemplações, uma autêntica torrente de lava, perdão, de fruta preta avassaladora que quase esmaga a sensibilidade nasal. Ele são mirtilos, ameixas, amoras, cassis, acolitados por figos. Estamos na presença de um daqueles vinhos arrasadores...
Denso, muito denso, na boca demonstra ser um monstro de veludo e de volúpia. É sensual, doce, quase pecaminoso e decadente. Mas infelizmente exagera na componente perversa e adocicada, o que acaba por lhe retirar algum do prazer proporcionado. Média Final: 17,5
BATUTA 2007 apresenta um nariz intenso, denso, onde as sensações a compota de ameixa misturam-se com a fortaleza de uma madeira estruturante e complexa, que lhe confere componentes a café, chocolate, baunilha, fumo e tabaco. Apesar de presente, a madeira integra-se no conjunto de forma exemplar. A envolvência vegetal lembra eucalipto.
Na boca é suave, espesso nos sabores a fruta que marcam a evolução no palato. A acidez equilibra a progressão, revelando uns taninos estruturados, sedosos, mas ainda com leve marca da madeira de estágio. O final é longo, saboroso, elegante e apetecível. Média Final:17,83
VALE MEÃO 2007 este vinho ainda fechado, é já um compêndio de aromas: notas minerais e terrosas dão o mote para um conjunto onde se misturam o fruto preto e as notas silvestres. Cola-se literalmente às paredes do copo e insinua-se com rara frescura, com a madeira e o poder alcoólico perfeitamente integrados. Demolidor na estrutura, imenso no extracto, grosso, com taninos suculentos, a pedir que o mastiguem e, ainda assim, refinado. Evolução em crescendo com um final inesquecível. Arrasador no estilo, excessivo na originalidade, é a expressão perfeita do seu terroir. Não será fácil escolher o casamento gastronómico ideal mas, em boa verdade, ninguém se quer divorciar dum vinho desta envergadura. Estamos perante um vinho de culto. Média Final: 17,80
Para a sobremesa chega-nos um divinal Abacaxi caramelizado com pimenta verde e Gelado de frutos silvestres que foi acompanhado pelo FONSECAS VINTAGE 2007 e descrever a cor deste vinho é uma tarefa perfeitamente inócua: é tudo preto, à excepção dos tons violáceos do bordo. A aproximação ao nariz é pautada por uma enorme doçura de fruto, nada enjoativa, em harmonia perfeita com um cunho vegetal muito vincado donde, esporadicamente, se liberta uma fragrância floral de extrema sensualidade. De tudo isto emerge um conjunto cheio de força e vigor, impressionante na frescura, com o vinho a suplicar que o mastiguem. Uma prova sempre em crescendo que culmina com aquela sensação de «tremor» nas gengivas... Indescritível. Média Final: 18
Deixo aqui um especial agradecimento ao Chef Jaime e a todos os colaboradores do Hotel lezíria Parque pelo excelente repasto proporcionado.
O tão esperado jantar de Natal dos Puros está marcado para sexta feira dia 10 de Dezembro, mas visto ter surgido alguns contratempos a alguns confrades, peço que todos aceitem a sexta feira dia 17/12. Obrigado.
purosevinhos@gmail.com