Devido a compromissos profissionais e pessoais, este blog esteve parado bastante tempo. Embora os confrades não tivessem deixado de provar vinhos, os mesmos (confrades) não ajudaram a que o blog se mantivesse activo.
Deixo aqui as notas de prova do último encontro á quinta realizado pelo grupo:
Soalheiro Primeiras Vinhas 2009 Br (Região dos vinhos verdes)– Aroma límpido e fresco muito contido. Boca redonda, rechonchuda, mas "cortada" e animada por uma acidez segura que o envolve e embrulha. Mostra-se delicado, civil, polido e primoroso, sendo astuto e perspicaz nos detalhes. Apesar da acidez e mineralidade evidente, adivinha-se uma certa gordura nas profundezas do palato que o torna exótico e original. Finalmente, descobrem-se a pêra e tangerina no paladar, num final em crescendo e evidente progressão. Preço: 12,90€; Média final: 16,70
Casa do Valle Grande Escolha 2009 Br (região dos Vinhos verdes) – Cor amarelo limão. Nariz um pouco mudo, pouco comunicativo, por enquanto não nos quer contar muito sobre si nem revelar os seus pensamentos mais íntimos. Isso não impede que se consiga detectar a presença agradável da ameixa amarela, do limão e da lima, bem como o aroma tão característico da flor de laranjeira. Sentem-se alguns aromas vegetais ainda "verdes", umas notas herbáceas que por não serem exageradas lhe conferem alguma frescura e irreverência. Acidez viva e equilibrada, volta a apresentar-se vegetal na boca. Final médio, intensidade generosa, seco, não esconde a sua queda para o alperce seco e para a ameixa. É um branco fresco e refrescante, um vinho muito honesto que não deixa ninguém ficar mal. É além disso um bom branco para o Verão, para a esplanada e para acompanhar peixe. Preço: 9€; Média final: 15
Julia Kemper 2008 Br (Dão) – Mal desperta do curto cativeiro em botelha, este vinho alegra-nos com inebriantes aromas florais, uma lufada inicial de flores silvestres que em menos de 10 minutos evolui para a pêra cozida, o medronho e os citrinos. E claro, como não podia deixar de ser, despontam as fortes sensações minerais. Boca extremamente suave, muito leve e harmoniosa, é um modelo de suavidade, finura, elegância, um vinho muito feminino, terno, deleitoso, quase cândido. Claro que bebê-lo agora é puro infanticídio, mas ao mesmo tempo é uma alegria poder provar um vinho tão generoso nos aromas. Tem uma excelente RQP. Preço:9€; Média Final: 16,70
Syrah de La Chevaliére 2007 Tn (França) – Granada baço com média concentração e apontamentos violáceos no bordo. Início pouco expressivo com um aroma difuso a mostrar lenho, notas vegetais pouco pronunciadas, algum rebuçado de morango e uma vaga sensação a madeira húmida. Só com o arejamento as coisas mudam de figura: sobressai a fruta vermelha -morango, framboesa e groselha-, discreta violeta, apontamento terroso, vinco tostado e pontas adoçicadas que lhe dão um toque caramelizado. Macio, embora modesto no corpo, com a acidez a proporcionar um ataque redondo e relativamente fresco. Sem desequilíbrios, mas muito linear no palato, acusando alguma diluição de sabores e com a marca do lenho a envolver o fruto. Despede-se com correcção, deixando a marca de um tanino miúdo a envolver as notas de framboesa. Tudo certinho, arranjadinho e muito compostinho. E, contas feitas, não será completamente descabido falar em delicadeza porque o vinho arrasta consigo uma óbvia "costela" feminina. Pena a vulgaridade da estrutura, não se descortinando forma de lhe prolongar a vida em garrafa. Média Final: 15,20
Casa da Urra 2008 Tn (Alentejo) – A pureza e sensualidade da fruta alentejana estão dentro do copo, vincadas pela personalidade da ameixa. As especiarias surgem por detrás deixando rasto a baunilha e noz moscada, de agradável perfil, tudo avivado por uma frescura notável, equilibrada. Na boca mostra raça, estrutura, equilíbrio respeitável. Termina longo, fresco, vivo, com persistência de sabores a madeira, fruta e especiarias. Os taninos polidos, domesticados, cooperam com a acidez dando profundidade ao corpo no final de boca. Um conjunto imediato, apetecível, muito alentejano nos sabores.Preço:12€ Média Final: 16,50
Quinta dos Avidagos Grande Reserva 2007 Tn (Douro) - A cor deste tinto é no mínimo impressionante, absolutamente opaca, um granada tão cerrado que a luz nem consegue penetrar. Depois vem o aroma, um aroma denso, viscoso, profundo, enorme, cheio, um colosso que intimida e quase atordoa. Potente, revela de imediato a fruta madura e generosa, as notas fumadas, os toques de alcatrão, tudo escuro e concentrado. Boca composta, acidez firme embora pouco assertiva, taninos duros, carácter mineral, estrutura mediana, não cai nos excessos de maturação, mas conviveria melhor com um acréscimo de acidez. Vejamos como evolui. Preço: 31€; Média Final: 17,40
Quinta do Carmo Reserva 2005 Tn (Alentejo) - Nariz com fruto preto, especiarias, baunilha e carvalho, indicando que a madeira marca um pouco o aroma. Na boca, a sua espessura é evidente, conferindo-lhe um carácter encorpado. A acidez não evita que, ao longo da prova, o vinho se torne ligeiramente pesado, não conseguindo equilibrar bem a concentração de sabores a fruta, madeira e couro. A envolvência aromática ressente-se e é moderada. O pós-boca é longo, ajudado por taninos abundantes e bem misturados na fruta. Média final: 15,20
Casillero del Diablo Cabernet sauvignon 2008 Reserve Tn (Chile) – Inicialmente o nariz evidencia aromas típicos de um Cabernet Sauvignon oriundo de climas frios devido ao seu carácter herbáceo. Mas a evolução de copo revela também muita fruta, especiarias e uma frescura apetecível. Ligeira doçura floral. Na boca o vinho é fresco e envolvente. A concentração é moderada mas saborosa com muita fruta. Os taninos estão envolvidos no corpo conferindo-lhe estrutura média, num conjunto elegante. Termina longo e suave. Preço: 16€; Média Final: 16,5
CavaloMaluco 2006 Tn (Sado) - Cor vermelho granada, com bordo vermelho carnudo. Aroma fino, com provas flagrantes de madeira de boa qualidade, sem exageros, com peso e medida. Nariz com notas canforadas e fruta, fruta vermelha e preta, com primazia para as amoras, groselhas, ameixas e um pouco de cassis. Todo o aroma aponta para a frescura, para um leve indicativo vegetal, sem agressividade e com uma indicação de chocolate no final. Redonda e cheia, a boca apresenta-se num crescendo de força que culmina num final algo explosivo, possante, expansivo, embora sem mostrar sintomas de violência gratuita. Todo o percurso deste vinho na boca é sedoso, macio, franco, sem indícios de agressividade ou asperezas grosseiras. Final de boca possante, com um crescimento surpreendente pela potência e intensidade. Média Final: 17,20
Nota 1: Espero que os confrades enviem notas de prova para o blog, porque devemos manter este espaço actualizado.
Nota 2: Espero datas, locais e vinhos que devemos provar no inicio (6 ou 7) de Novembro, para o 7º aniversário dos puros & Vinhos.
purosevinhos@gmail.com