Puros & Vinhos

terça-feira, novembro 15, 2011

Que Pinta"S" de jantar


Dia 4 de Novembro realizou-se o jantar do 8º aniversário dos Puros & Vinhos no Soho em Vila franca de Xira. Na numerologia o número 8 significa justiça. E foi isso que os 18 membros dos Puros & Vinhos fizeram, ao comparecerem todos ao evento.

Este ano alteramos um pouco o modo da escolha dos vinhos, assim, antecipadamente escolhemos 6 grupos com 3 membros dos Puros & Vinhos e demos o tipo de vinho que eles teriam que levar para o repasto. Todos os vinhos foram provados as cegas.

O primeiro prato foi uma vieira frita em manteiga e alho sobre um risoto de champagne, que foi acompanhado por um Tapada de Coelheiros Chardonnay 2009 (Br/Alentejo) trazido pelos confrades Mané, Toninho e Pita. Este Chardonnay apresenta-se de cor amarelo ouro brilhante, um tom denso, cerrado e melancólico. Nariz austero, sério, percebem-se de imediato as notas de pêssego e maçã. Madeira de boa qualidade, ligeiro toque fumado, boa capa mineral, este Chardonnay respira seriedade por todos os poros e não esconde as suas ambições.
Excelente entrada, volumoso, gordo, amparado por uma belíssima acidez, apresent
a-se sempre em crescendo no palato. Termina vigoroso e energético.Tem um final longo, penso que estamos perante um vinho com muitas virtudes. Obteve a média de 16,03

A acompanhar o mesmo prato, surgiu na mesa o segundo branco da noite o Conceito 2008 Magnum (Br/Douro) trazido pelos confrades Psi, Nuno Fernandes e Serra. Nariz simples, algo neutro, de perfil vegetal. Leve fruta, muito leve. Na boca melhora consideravelmente. Entra amplo, com força e equilíbrio, espalhando aromas a fruta e vegetal. Termina moderado, fresco, suave. Uma prova de boca que merecia outra sorte na prova de nariz. Infelizmente, a tendência para a neutralidade aromática é um mal que atinge a grande maioria dos vinhos brancos portugueses. Foi uma surpresa para todos os participantes na prova, pois já tinha provado colheitas anteriores e tinha apreciado bastante este vinho. Obteve a média de 13

O segundo prato foi umas pataniscas de camarão, acompanhado por arroz de polvo e o terceiro foi um Magret de pato no forno acompanhado por um Gratin de batata. Estes pratos foram acompanhado por 3 excelentes vinhos tintos.

O primeiro vinho tinto a apresentar-se foi o Ferrer Bobet 2008 (Tn/Priorat). Este vinho foi apresentado pelos confrades Luis Diniz, David e Chaparro. Pois este vinho apresenta cor grenat muito intensa. Aspecto denso e, compacto. Mostra aromas de fruta muito madura, amoras, cassis, cereja, ameixa preta e mesmo uva passa. Notam-se aromas alicorados em profusão, cânfora, especiarias e notas subtis da tosta da madeira. Um nariz forte, intenso, tal como a cor já sugeria...
A boca não consegue manter todos os componentes em equilíbrio e harmoni, talvez devido a temperatura do vinho estar bastante elevada. É um vinho que impressiona pela dimensão e pela potência, sendo contundente na estrutura. É amplo, com corpo médio/cheio, com taninos maduros e fortes e com um evidente predomínio da componente frutada sobre as restantes. Com boa acidez que contrabalança a doçura, é sem dúvida um vinho muito guloso e atraente. Final longo e concentrado. Obteve a média de
16,50

O segundo vinho tinto a surgir na mesa foi o Quinta de Vale Meão 2008 (Tn/Douro) apresentado pelos confrades Rogério, Malé e Mário João. Este vinho apresentou um nariz intenso, denso, onde as sensações a compota de ameixa misturam-se com a fortaleza de uma madeira estruturante e complexa, que lhe confere componentes a café, chocolate, baunilha, fumo e tabaco. Apesar de presente, a madeira integra-se no conjunto de forma exemplar. A envolvência vegetal lembra eucalipto.
Na bo
ca é suave, espesso nos sabores a fruta que marcam a evolução no palato. A acidez equilibra a progressão, revelando uns taninos estruturados, sedosos, mas ainda com leve marca da madeira de estágio. O final é longo, saboroso, elegante e apetecível. Obteve a média de 17,28

O terceiro vinho tinto a surgir na mesa foi o Pintas 2009 (Tn/Douro) apresentado pelos confrades Sousa, Lilaia e Nuno. Apresenta cor vermelha retinta, sem exageros de coloração, mas aparentando grande concentração, cor cerrada, compacta, densa, profunda. Digamos que é um bom prenúncio do que vem a seguir. É excelente a concentração de fruta de muito bom recorte. Fruta preta e vermelha, intensa, de extraordinária elegância e graciosidade. Bela integração alcoólica, sem pontas a descoberto. Madeira de boa qualidade, bem integrada na estrutura do vinho.
Muito elegante na boca, rendilhado, proporcionado, harmonioso, tem tudo no
sítio certo. É um modelo de finura, de bom gosto, de equilíbrio. Confirma a fruta distinta, e mostra que tem taninos possantes, mas muito bem comportados, bem "domesticados" e a obedecer ao dono. Longo fim de boca, ajudado pela acidez fina, mas discreta. Muito agradável o toque mineral que se sente na retaguarda. Demonstrando que um bom vinho é elegante desde o inicio, mas ainda tem potencialidades para evoluir consideravelmente no futuro. Obteve a média de 17,66

Por fim, e para acompanhar um bolo de chocolate foi-nos apresentado um Quinta da Nossa senhora da Ribeira Vintage 2008 pelos confrades Chalana, Bernardo e Velho. Descrever a cor deste vinho é uma tarefa perfeitamente inócua: é tudo preto, à excepção dos tons violáceos do bordo. A aproximação ao nariz é pautada por uma enorme doçura de fruto, nada enjoativa, em harmonia perfeita com um cunho vegetal muito vincado donde, esporadicamente, se liberta uma fragrância floral de extrema sensualidade. De tudo isto emerge um conjunto cheio de força e vigor, impressionante na frescura, com o vinho a suplicar que o mastiguem. Que mais se pode exigir a um vintage novo? Só se fôr que envelheça! Obteve a média final de 18,62

Queria dar os parabéns ao Cheff Tito pela excelência do repasto por ele proporcionado. Estendendo os agradecimentos ao Mané e Toninho do Soho e membros do Puros & Vinhos. Não fossem o seu empenho e a sua total disponibilidade e nada disto teria sido possível. Revelaram enorme profissionalismo e desempenharam exemplarmente o papel de anfitriões. A eles se deve toda a estrutura logística montada em redor deste evento: sala, e toda a panóplia de requisitos indispensáveis para prova. Uma refeição esmerada, uma gastronomia de elevado padrão qualitativo e concepções culinárias com elevado sentido estético, um grande obrigado.



purosevinhos@gmail.com

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