Desta vez convidamos cada um dos participantes na prova, a trazer um vinho para fazer uma prova cega, não propondo qualquer limite de escolha. Cada um podia trazer o vinho que lhe apetecesse.
Antes da prova começamos por um branco:
Quinta dos Roques Encruzado 2006 Dão – Este Encruzado tem cor amarelo suave. Aroma complexo e elegante, muito feminino, apresentando bastantes notas florais e limão fresco. Madeira muito bem integrada no conjunto. Na boca o vinho é muito elegante, obtendo um belo equilíbrio entre o corpo e a acidez. Curiosamente sentem-se algumas notas de fruta do tipo pêra misturado com limão verde, um ligeiro mineral. Tem um final médio/longo que nos dá muito prazer.
Gostava que esta minha impressão tivesse sido a mesma dos outros confrades sentados á mesa, o que não foi o caso, todos acharam que não era exuberante aromaticamente, nada complexo, sem acidez, tudo ao contrário do que vislumbrei no vinho. Mas tudo tem a ver com o momento e gosto pessoal.
Nota Pessoal 17 (Média:15,4)Custo: 10€
Depois começámos a prova, os vinhos foram sorteados e sairam para a mesa pela seguinte ordem:
Esporão Garrafeira Private Selection 2004 Alentejo - Este tinto de cor rubi começa por nos bafejar com fortes notas fumadas, uma colecção variada de aromas de torrefacção. Mas a fruta é uma aliada de peso, e não se faz rogada no copo, revelando a amora, cassis, ginga, e um toque exótico de figo. Entra fino e escorreito, quase feminino, delicado, para logo crescer em dimensão, sempre apoiado numa acidez fina que nunca ultrapassa as raias da decência. Sem ser volumoso é cheio, estruturado, denso, mas simultaneamente delicado. Final longo, bem prolongado e duradouro.
Nota Pessoal 17,5 (Média:17,5) custo:30€
Quanta Terra Grande Reserva 2005 Douro – Cor violeta linda, violeta pura, uma cor apelativa, voluptuosa, sensual. Na versão 2005, o Quanta Terra mostra-se de novo um vinho muito equilibrado, muito redondo, com alguns excessos. Revela um nariz muito marcado pela fruta madura, pela boa presença da barrica.A boca confirma a elegância, a finesse, a proporção. Possui uma estrutura arrebatadora e dominadora, mas com equilíbrio e harmonia. Acidez vincada e enorme frescura são qualidades que já lhe conhecíamos do passado.
Este vinho em prova cega consegue de certeza ter excelentes resultados pelas suas voluptuosas características, como se veio a verificar nesta prova.
Nota Pessoal 18 (Média:17,75) custo:17€
Mollydooker 'The Boxer' Shiraz 2006 Australia – Mollydooker é sinónimo de um Australiano canhoto, por essa razão é que o Boxer do rótulo tem duas luvas esquerdas. Robert Parker deu 94Pts e a Winespectator deu 90 Pts a este vinho.A cor deste australiano “canhoto” é impressionante de concentração e densidade, é negra. O aroma mostra notas especiadas, sobre uma intensa camada de fruta preta. Fruta preta rica, pura, fresca, ligeiro licor. A fruta, apesar de delicada, tem uma persistência incrível e o vinho mostra enorme estrutura. Os taninos são aveludados, a fruta (já tinha falado em fruta?) é expressiva. A conjugação e concentração de fruta preta, de cereja, de bagas silvestre e especiarias envolvem o palato de forma incrivel. Este é um daqueles vinhos que está sempre em crescendo na boca, com um final que termina em leque, numa verdadeira explosão de intensidade. Tem um pequeno problema os seus 16,5º que nos deixam completamente dormentes no final da prova.
Nota Pessoal 17 (Média:16,7) Custo: 20€ + transporte (13€ londres)
Xisto 2004 Douro - A cor é bastante aberta, pouco profunda, ligeira, mas bem vermelha. O nariz é francamente agradável, tem aromas muito minerais, terrosos, com bastante fruta preta, fruta doce mas agradável. Na boca é encorpado, taninoso mas elegante, muito concentrado, tem um final de boca prolongado. Um belo vinho.
Nota Pessoal 16,5 (Média: 16,4) Custo: 30€
Já fora da prova cega um dos confrades confrontou-nos com outro vinho, para continuar a animada conversa de mesa.

Casillero del Diablo Cabernet Sauvignon Reserva 2005 Chile - Nariz preenchido por groselha, bem refrescado com um toque vegetal. A madeira confere-lhe leve baunilha e estrutura. Na boca tem presença, personalidade, boa amplitude. O final é moderado/longo, equilibrado por uma acidez e taninos suaves. É um vinho bem feito que não desilude ninguém.
Nota Pessoal 15,5 (Média: 16,33)
E outro confrade para terminar trouxe outro licoroso que foi provado em prova cega também.
Warre’s LBV 1995 - Nariz de boa intensidade, revelando a força da amora e cereja, apetecíveis. Um toque a resina e chocolate completa um perfil que aposta na concentração em detrimento da complexidade, parecendo, por vezes, estar mais perto de um Vintage que de um LBV. Na boca mostra uma força pouco usual para um LBV, estimulando o palato de forma intensa e longa. O final, limpo por uma acidez fresca, é estruturado por taninos rijos que deixam persistência a madeira. Apesar do ataque revelar certa agressividade, no conjunto, este LBV surpreende em vários aspectos. Como qualquer vinho do Porto, beba-o relativamente fresco. Nota Pessoal 16,5 (Média: 17) custo 17€
purosevinhos@gmail.com