Puros & Vinhos

sexta-feira, maio 09, 2008

Sexta Prova á Quinta de 2008

Aqui fica o relatório de mais uma prova á Quinta dos Puros & Vinhos. Os vinhos foram provados em prova cega e os comentários aos vinhos são da minha responsabilidade.
Nos comentários a esta mensagem deixem as vossas considerações.

Vila Maria Sauvignon Blanc 2007 Private Bin Br (Nova Zelandia) - Cor amarelo palha, muito clara, quase deslavada, quase água.
Uma explosão, um cataclismo, uma erupção de frescura, fruta e aromas vegetais de tal magnitude que as narinas tremeram do impacto! Não se brinca em serviço, este branco neo-zelandês tem um impacto fortíssimo. O efeito "Nasex" na sua plenitude! Não há nada que enganar, estamos perante um Sauvignon Blanc da Nova Zelândia. O perfume é inebriante, empolgante, estonteante e as ondas de impacto ressoam pelo copo. O maracujá pulsa, a erva parece acabada de cortar, a lima acabada de espremer, o xixi de gato acabado de fazer, enfim, o panorama é viciante e damos conta que levamos o copo uma vez mais ao nariz, e outra, e outra, e outra, sem conseguir parar.
A vastidão da fruta, a imensidão, a incomensurabilidade, a luxúria, o exotismo e a intensidade de aromas eventualmente não são deste planeta. Tudo bem, não é subtil, não é discreto, é espampanante e a complexidade é uma palavra que não faz parte do seu léxico... mas é guloso, tão guloso e tão apetecível que quase esquecemos esse seu lado "resplandecente". Quem nunca provou um Sauvignon Blanc neo-zelandês não sabe o que perde! Média:15,89 Custo: 7€

Morgado de Santa Catherina reserva 2006 Br (Bucelas)- Cor amarelo carregado, com reflexos dourados. Ainda se sente a madeira nova onde estagiou, um pouco pesada, embora se perceba que a "aclimatização" madeira/vinho ainda se está a dar e que a tendência é de harmonização entre as duas partes. Está pesado de aromas, sendo um vinho mais adequado para uma estação de transição, como o Outono ou a Primavera. Apresenta igualmente algumas características citrinas, uma leve queda herbácea e ténues sugestões de jasmim.
Boca melosa, gorda, pançuda, é um vinho muito redondo, sem qualquer aresta, rebarba ou saliência. Acaba por resultar
demasiado plano na boca, um vinho muito previsível, sem surpresas e sem vivacidade que o alegre. Final súbito, repentino, tem uma passagem de boca algo anémica e anónima que está longe de corresponder aos pergaminhos que o vinho foi juntando ao longo dos anos. Média:15,22 Custo:9,8€

Esporão Reserva 2007 Br (Alentejo) - É um vinho intenso com os "tiques" da madeira bem presentes, tanto nas notas amanteigadas como nos tostados fortes. Aliás as notas fumadas e tostadas neste momento têm uma predominância nas notas aromáticas. Mas também se distinguem notas de erva seca, petróleo e alcatrão, bem como interessantes sugestões a pêssego, alperce e torrada.
A prov
a de boca revela um vinho gordo, redondo, untuoso, encorpado. A madeira está muito presente, talvez mesmo em demasia e infelizmente falta-lhe acidez para lhe dar maior vivacidade e o tornar menos plano. Média:13,94 Custo:7,95€


Quinta do cachão Grande Escolha 2004 (Douro) - Granada baço com média concentração e apontamentos violáceos no bordo. Início pouco expressivo com um aroma difuso a mostrar lenho, notas vegetais pouco pronunciadas, algum rebuçado de morango e uma vaga sensação a madeira húmida. Só com o arejamento as coisas mudam de figura: sobressai a fruta vermelha -morango, framboesa e groselha-, discreta violeta, apontamento terroso, vinco tostado e pontas adoçicadas que lhe dão um toque caramelizado. Macio, embora modesto no corpo, com a acidez a proporcionar um ataque redondo e relativamente fresco. Sem desequilíbrios, mas muito linear no palato, acusando alguma diluição de sabores e com a marca do lenho a envolver o fruto. Despede-se com correcção, deixando a marca de um tanino miúdo a envolver as notas de framboesa. Tudo certinho, arranjadinho e muito compostinho. E, contas feitas, não será completamente descabido falar em delicadeza porque o vinho arrasta consigo uma óbvia "costela" feminina. Pena a vulgaridade da estrutura, não se descortinando forma de lhe prolongar a vida em garrafa. Média:14,22 Custo:19€

Aneto 2004 (Douro) - O contra rótulo refere que "Aneto é uma planta aromática e medicinal, considerada erva mágica, utilizada para poção do amor, crescendo espontaneamente a baixas altitudes e locais muito quentes. Abunda nas vinhas de Sobradais e Malvêdos, freguesia de Castelo do Douro". Nariz complexo, de qualidade superior, um bocado fechado. Emana cereja e ginga,, no limite da concentração aprazível. A baunilha e as especiarias cobrem aromas a fruta. O conjunto é avivado por uma frescura indispensável, sóbria, que não retira protagonismo ao fruto. Um ramo de violetas surge, por vezes, para desafiar a nossa imaginação, num conjunto que conseguiu um equilíbrio notável da fruta. Na boca, sabores frescos a fruta, de concentração equilibrada, percorrem as paredes do palato de forma gulosa e distinta. Os taninos, envolvidos nesta estrutura, colam-se às paredes do palato, conferindo profundidade e longa persistência de sabores a cereja, ginga e leve madeira. A acidez enaltece o conjunto, acabando por polir um final de boca distinto, equilibrado e sedoso. Tal como no nariz, a prova de boca consegue um equilíbrio notável da fruta. Média:14,88 Custo:12€

Paulo Laureano Clássico 2006 (Alentejo) - Mostra cor rubi de concentração mediana, aromas a apontar para a fruta madura e doce, um toque de vegetal seco e uma pincelada de pimenta branca. Corpo franzino, confirma a mensagem transmitida pelo nariz, com fruta doce, simples e sincera, mostrando um final de intensidade e comprimento mediano. Taninos ligeiros, temos um tinto muito leve que precisa engordar em futuras edições.Média:15,05 Custo:3,99€



Herdade dos Grous Reserva 2006 (Alentejo) - Tonalidade rubi concentrada a suportar um aroma rico e poderoso onde o álcool aparece bem integrado. Início marcado pelas notas de canela e noz moscada. Sugestões de cedro a conferir algum exotismo a um conjunto onde a fruta macerada -ameixa, cereja e amora- se mistura com as especiarias. Impressivo na entrada, encorpado mas não pesado, e munido de uma acidez suficiente para que a doçura frutada não se torne enjoativa. Muito bem doseado na extracção com apontamentos telúricos a intrometerem-se no perfil frutado. Taninos persistentes, mas muito polidos, a ampararem o fruto e as sensações tostadas no final. Um tinto de nova geração onde gostava de ter encontrado maior persistência final. Média:16,6 Custo:27,6€

Soberana 2004 (Terras do Sado) - A madeira dá suporte a aromas de frutos vermelhos, florais e vegetais. Algum álcool a prejudicar a prova. Na boca o vinho está austero. Os taninos conferem uma secura que encobre os sabores da fruta. O vinho tem corpo médio/cheio mas a estrutura não aguenta o álcool. O comprimento no palato é moderado, e o final de boca é médio/longo. A acidez é elevada e promete um bom futuro para o vinho, apesar do final de copo revelar alguma acidez volátil, indicando que o vinho necessita de tempo para estabilizar.Média:15,8 custo:15€

Finca Sandoval 2005 (Manchuela/Espanha) - Um factor de curiosidade neste vinho, o facto de o seu produtor ser um dos críticos de vinhos mais famosos de Espanha, o conhecido Víctor de la Serna. Pois este Finca Sandoval apresenta cor grenat muito intensa, do mais opaco e profundo que tive oportunidade de observar. Aspecto denso, compacto, cerrado, maciço, a deixar adivinhar um vinho muito concentrado e potente. Mostra aromas de fruta muito madura, amoras, cassis (groselha preta), cereja, ameixa preta e mesmo uva passa. Notam-se aromas alicorados em profusão, cânfora, aromas florais (com particular incidência de violetas), especiarias e notas subtis da tosta da madeira. Ainda nas profundezas, mas já presentes, encontram-se leves notas minerais e pequenas sugestões balsâmicas. Um nariz forte, intenso, tal como a cor já sugeria...
A boca não esconde a sua origem de terra quente, embora consiga manter todos os componentes em equilíbrio e harmonia. É um vinho que impressiona pela dimensão e pela potência, sendo contundente na estrutura. É amplo, com corpo médio/cheio, com taninos maduros e fortes e com um evidente predomínio da componente frutada sobre as restantes. Com boa acidez que contrabalança a doçura, é sem dúvida um vinho muito guloso e atraente. Final longo e concentrado. Um vinho... de estalo! Média: 17 Custo:22€

Paulo Laureano Singularis 2004 (Alentejo) - Nariz complexo, original, distinto, misturando amora e mirtilo com um toque balsâmico, a feno e a caruma de pinheiro. Na boca transparece atributos de peso como elegância, finesse e subtileza. Apresenta-se redondo, complexo na longa evolução, fresco. A estrutura não impressiona mas a qualidade dos sabores a fruta, especiarias e vegetal estimulam positivamente o sentido do paladar.Média:16,20 Custo:8€


purosevinhos@gmail.com

<