Em Campo Eliseo existe um Zambujeiro Abandonado que canta ao sabor da Poeira que o vento trás
Para lidar estes fantásticos exemplares, foram convidados 14 matadores (provadores) em grande forma: Luis Diniz (el careca), António Chaparro (el Louco), Paulo Sousa (el Virtuoso), Mário João (el Comandante), Pedro Lilaia (el Bifana), Nuno Santos (el Fintas), Nuno Anjos (el Mágico), António José Matos (el Presidente), Nuno Fernandes (el Manzanares), Mané (el Triana), Paulo Serra (el Pintas), António Ribeiro (el Toino), João (el Mudo), Pita (el Muletini).
A corrida foi feita ás cegas, ou seja, nenhum dos matadores saberia qual o toiro ou toro que estava a ser lidado.
Alguns dos matadores estariam em vantagem porque já tinham lidado alguns destes exemplares em corridas anteriores, mas outros iriam lidar pela primeira vez, o que tornava mais arriscada a lide.
Antes de entrar na corrida propriamente dita, foi lidado por todos um belo novilho: Castelo D’Alba Vinhas Velhas Branco (ano:2004 da “ganadaria” VDS- Vinhos do Douro Superior com 14% de peso) que entra relativamente fresco e jovem. A Madeira a condicionar o perfil aromático mas nada cansativa ou pesada. Abre com amendoim - quase a sugerir nougat-, mostrando citrino doce em pano de fundo e com notas de amêndoa e avelã mescladas. Com volume e espessura, mostrando uma textura gorda e untuosa que não belisca a leveza táctil. Harmonioso na evolução combinando os traços amendoados e as notas vegetais com limão e laranja muito maduros. Bela persistência retronasal com a acidez indispensável para equilibrar o álcool. E um toque amargoso - muito bem posto- para compensar as sensações tostadas e abaunilhadas da barrica. Média final: 14,75 Valores.
O prémio para o toiro mais bravo e elegante foi para o Abandonado 2004 – Ele entra
forte, nariz denso, profundo, com fruta madura a lembrar compota de cereja e ginga, mas logo que se dá a sorte de varas (volteado) ele abre, surgindo a densidade do aroma a ameixa e flores, muitas flores em destaque (jasmim, camomila, etc.). A madeira confere-lhe definição, através de sensações a noz moscada e a carvalho, de grande nível e complexidade. Na boca, a estrutura usufrui da elegância de sabores e aromas a ameixa e ginja madura, casados com nuances vegetais, que lhe conferem delicadeza na envolvência ampla. Termina longo, enquadrado por uma acidez viva e alegre que enaltece uns taninos aristocráticos. Um vinho (toiro) notável.
Foi a lide que deu mais prazer a todos os matadores. Este Toiro não merece a estocada final , deve servir de exemplo para fazer outros iguais ou melhores. Média Final: 18,04 Valores
Em segundo lugar ficou o Campo Eliseo 2003: Entra sisudo e fechado em tábuas. A madeira confere estrutura ao carácter da fruta, introduzindo componentes a rebuçado e caramelo. Mas a virtude reside na vivacidade e frescura deste conjunto de aromas, carinhosamente envolvidos por uma vertente doce. Na boca revela força, estrutura, densidade. Os taninos pujantes, plenos de densidade, agarram o palato com garra, aprofundando sabores a fruta. São secundados por uma acidez fresca que prolonga a nossa imaginação para além do real. Tem raça e futuro este grande TORO. Média final:16,79 Valores
Em quarto lugar ficou o Poeira 2004 –Entra tímido nos aromas, recatado da clausura em garrafa (curro). Cromaticamente é um caso de amor à primeira vista, um tom escuro como breu, com laivos violeta que conquista de imediato o olhar. É então que desponta a cereja, e um lado floral muito envolvente. Boca incisiva, muito objectiva, harmoniosa, impera o bom gosto e a sobriedade. Elegante, equilibrado e sereno, nada está desarrumado ou a mais neste vinho (toiro) exemplar do Douro. Um regresso à excelência do seu irmão de 2001. Média Final 16,46 Valores
Uma nota final para aqueles matadores que tinham estado na corrida anterior, e tentaram adivinhar onde estava o Campo Eliseo. Que foi um vinho que despertou paixões e notas elevadas, e não foi descoberto por nenhum.
Mas afinal é isso mesmo que nós somos.
Quanto ás iguarias, iniciámos o repasto com uma Perna de polvo frita em massa de coentros c/picadinho de ovo, coentros e cebola c/vinagrete de tomate feito a preceito pelo chefe Valter do ainda desconhecido Restaurante Aquárius do Hotel Leziria Parque em VILA FRANCA DE XIRA.
Como pratos principais tivemos, um Caldo de perdiz c/cubos de bacon e cogumelos em ovo escalfado e umas Bochechas de porco aromatizadas de abafado c/batata Delfina e brócolos gratinados e ligou muito bem com os vinhos.
Assim terminou uma prova com grandes vinhos. Muitas surpresas que deixarão os enófilos mais apaixonados com muitas dúvidas e que animarão as conversas!
P.S. Um obrigado a todos os presentes, que sem eles não seria possivel elaborar este fabulosos jantar. Por último, volto a dar em nome do grupo os nossos sinceros agradecimentos a Lidia Conde, Luis e ao Cheff Valter do Hotel Leziria Parque em Vila Franca de Xira. Não fossem o seu empenho e a sua total disponibilidade e nada disto teria sido possível
el Careca
"…respondem os adeptos de Baco aos que acusam o álcool de matar lentamente: Não temos pressa!"
El louco
El Muletini
El Comandante
El Triana
El Virtuoso
El Pintas
"Boa é a vida, mas melhor é o vinho"
El Bifana
El Mazanares
El Mágico
El Toino
El Presidente
Mulheres vestidas de branco me fazem chorar,
vestidas de mel me adoçam o olhar
e vestidas com vinho me fazem corar.
Extraído das uvas, femininas formas naturais,
El Fintas
"Agora que a velhice começa preciso aprender com o vinho a melhorar envelhecendo, e sobretudo, escapar do perigo terrível de envelhecendo virar vinagre."
El Mudo
"bebedores de água têm mau carácter"