Puros & Vinhos

segunda-feira, abril 28, 2008

Quinta Prova á Quinta de 2008

Aqui fica mais um relatório de uma prova á quinta feita pelos Puros & Vinhos.

Todos o vinhos foram provados em prova cega

Primeiro os brancos por ordem de saída:

Luz Pedro Abrunhosa/ Dirck Niepoort 2006 Br(Douro)- Embora o nariz não seja muito comunicativo, descobrem-se notas minerais agradáveis, abundante fruta citrina com predominância de limão, um fundo de alfazema, tudo imagens aromáticas que nos transmitem visões de amendoeiras em flor... numa paisagem alpina! Na boca é a maçã Granny Smith que comanda, muita maçã verde num vinho austero e seco no final, com um belo comprimento de boca. Uma junção curiosa entre potência, estrutura, secura e finura no mesmo copo. Média Final: 16,1. Custo: 20€


Dona Berta Rabigato Vinhas Velhas 2007 Br (Douro)- Nariz simples, algo neutro, de perfil vegetal. Leve fruta, muito leve. Na boca melhora consideravelmente. Entra amplo, com força e equilíbrio, espalhando aromas a fruta e vegetal. Termina moderado, fresco, suave . Uma prova de boca que merecia outra sorte na prova de nariz. Infelizmente, a tendência para a neutralidade aromática é um mal que atinge a grande maioria dos vinhos brancos portugueses. Foi uma surpresa para todos os participantes na prova, pois já tinha provado colheitas anteriores e tinha apreciado bastante este vinho. Média Final: 13. Custo: 14€

Lagar de Cervera Rias Baxas Albariño 2006 (Espanha) - Um Alvarinho do outro lado da fronteira, da denominação Rías Baixas. Mostra cor amarela palha clara, muito vivo e transparente. Exibe bolha de pequena dimensão, muito leve e discreta que se desvanece após alguns volteios do copo. Aromas vegetais com insinuações lácteas, ligeiro anizado. Não está muito colaborante no nariz, apresenta-se fechado, sem a característica frutada que é atributo desta casta transfronteiriça.
Acidez contida mas com forte componente citrina, está redondo na boca, sem qualquer tipo de agressividade. É um Albariño directo, sem subterfúgios ou rococós, simples mas honesto e agradável. Não vale a pena esperar ver estrelas a brilhar no céu, mas cumpre bem o seu papel
e pode ser um bom companheiro para o consumo diário. Média Final: 16 Custo: 9.9€

Depois os tintos por ordem de saída:

John Duvall Entity 2005 Barrosa Valley (Austrália)Mais uma incursão pela lista dos 100 melhores vinhos de 2007 para a Wine spectator, neste caso falamos do vigésimo quarto classificado. Este senhor foi durante 29 anos responsável pela produção da prestigiada marca australiana “Penfolds”. Saiu em 2003 para fazer um projecto seu, este vinho é a sua segunda colheita.
Quanto ao vinho, apresenta-se com aroma frutado, muito frutado mesmo, mas com fruta de bom recorte, fruta elegante, "nham nham", apetecível, sexy, tentadora, uma tentação quase irresistível que prima pela elegância. Leves notas de barrica, a fruta percorre a ameixa e a cereja, e termina com um pouco de canela e cravinho, sempre elegante, sempre sedutor.
Boca possante, intensa, frutada, muito elegante ,potente e arrebatador, mas simultaneamente austero e delicado. Entra fino e sóbrio, quase feminino, para logo crescer em leque e terminar num eterno crescendo que se r
ecusa a parar. Acidez bem acasalada, excelente espinha dorsal, consegue aliar potência e elegância com rara felicidade. Um grande vinho... que ainda é um jovem! Média Final:17,6. Custo: 36€

Quinta da Gaivosa 1999 (Douro) – Penso que este vinho ficou prejudicado pela ordenação em veio para a mesa, pois é um vinho já com uma certa idade, e como todos sabemos, em prova cega estes vinhos são geralmente penalizados.
Aromaticamente estamos perante um vinho difícil de avaliar e catalogar. Se por um lado mostra uma componente aromática muito fresca, a hesitar entre a menta e a hortelã, por outro lado revela uma personalidade animal, com fortes insinuações de couro. Depois a madeira não está discreta e assume um protagonismo inesperado, que aliado às fortes notas de lagar dá muito que fazer ao provador. É um vinho desconcertante, um vinho algo misterioso, intrigante, mas que acaba por deixar uma ideia bastante positiva nas narinas.
Surpresa das surpresas, a boca pouco tem a ver com o nariz. Emerge um vinho de acidez bastante vincada, assertiva, com um esqueleto de fundações bem sólidas. Os taninos são elegantes, o fim de boca prolongado e sem anúncio prévio brota a fruta vermelha, muita fruta de constituição elegante e harmoniosa. Estranhamente, na boca a madeira não mostra
exageros, está bem integrada e não prejudica de forma alguma a prova. Média Final:14,8 Custo: 10€

Roma Pereira 2005 (Alentejo) - A pureza e sensualidade da fruta alentejana estão dentro do copo, vincadas pela personalidade da ameixa. As especiarias surgem por detrás deixando rasto a baunilha e noz moscada, de agradável perfil, tudo avivado por uma frescura notável, equilibrada. Na boca mostra raça, estrutura, equilíbrio respeitável para quem tem 12,5º de corpo. Termina longo, fresco, vivo, com persistência de sabores a madeira, fruta e especiarias. Os taninos polidos, domesticados, cooperam com a acidez dando profundidade ao corpo no final de boca. Um conjunto imediato, apetecível, muito alentejano nos sabores. Média Final:17,2. Custo23€

Casaleiro Syrah Reserva 2006 (Ribatejo) - Como não podia deixar de ser, mostra-se impressionante de cor, um "monstro" preto, impenetrável, um breu total onde não entra um raio de luz.
Se a cor é impressionante, o aroma não o é menos! Aroma doce, é uma bomba frutada, um bombom, uma guloseima de inegável apelo sensual. Aroma carnal, pecaminoso, quase indecente na sua imensa luxúria lasciva. Não sei se ao esmagar uvas sai isto, mas há que reconhecer que o aroma é atractivo. Claro que é unidimensional, claro que é um vinho simples e directo, mas é sem dúvida bastante apelativo.
Boca cheia, densa, sem qualquer tipo de rugosidade, muito redonda e macia, mantém a sedução, embora aqui penalizado pelo álcool que desponta na fase final. É um vinho compotado, espampanante, doce, que deverá agradar a muitos.
Apesar de objectivamente ser um vinho simples, tem tudo para agradar a uma grande faixa de consumidores. Média Final:15,7 Custo:4,5€

Casa de Santa Vitória 2005 Reserva (Alentejo) - Nariz complexo, original, distinto, misturando amora e mirtilo com um toque balsâmico, a feno e a caruma de pinheiro. Na boca transparece atributos de peso como elegância, finesse e subtileza. Apresenta-se redondo, complexo na longa evolução, fresco. A estrutura não impressiona mas a qualidade dos sabores a fruta, especiarias e vegetal estimulam positivamente o sentido do paladar. Está pronto a saborear. Média final: 15,9 Custo: 13,5€



PS: devido a não ter levado máquina para a prova, foram retirados de alguns blogs amigos as fotos para esta crónica.
purosevinhos@gmail.com

segunda-feira, abril 21, 2008

Á mesa com Dom Alejandro Robaina

No dia 17 de abril de 2008 foi feito um jantar organizado pela Empor- Casa havaneza, no qual o grupo Puros & Vinhos teve a honra de ser convidado.

O jantar teve lugar no restaurante “A kottada” no carregado, que disponibilizou uma sala onde se podia degustar o Puro sem incomodar as restantes pessoas.

O repasto esteve ao mais altíssimo nível, de entrada foi servido uns ovos mexidos com espargos selvagens juntamente com presunto pata negra e queijo Manchego.

Como iguaria principal foi servido um “Cabritinho de Alenquer” que estava simplesmente divinal, mostrando o elevado padrão qualitativo da sua cozinha. A sua garrafeira é cuidada, tendo na sua lista as principais referências do mercado nacional e espanhol, com preços ajustados.

Os vinhos que escolhemos para degustar durante o repasto foram os seguintes:


Companhia da Lezírias “Patriarcal” 2004 (Ribatejo) - Cor vermelha concentrada. Aromas com a presença pouco discreta da baunilha da madeira, aromas doces a fruta vermelha e algum vegetal.
Muito especiado na boca, apresenta taninos fortes e acidez firme. Este vinho, é feito num estilo moderno, fácil de beber, sem defeitos. Tem um final médio, ou seja um vinho sem pretensões a altos voos. Nota:15


Meandro 2005 (Douro) - Emana cereja e ginga, num estilo profundo, cheio de força, no limite da concentração aprazível. A baunilha e as especiarias cobrem aromas a fruta, naquela que tem sido uma associação de sucesso no panorama internacional. O carvalho, de notas tostadas, revela uma integração perfeita, conferindo consistência e complexidade. O conjunto é avivado por uma frescura indispensável, sóbria, que não retira protagonismo ao fruto. Um ramo de violetas surge, por vezes, para desafiar a nossa imaginação, num conjunto que conseguiu um equilíbrio notável da fruta. Faz lembrar um congénere de Ribera del Duero. Na boca, sabores frescos a fruta, de concentração equilibrada, percorrem as paredes do palato de forma gulosa e distinta. Os taninos, envolvidos nesta estrutura, colam-se às paredes do palato, conferindo profundidade e longa persistência de sabores a cereja, ginga e leve madeira. A acidez enaltece o conjunto, acabando por polir um final de boca distinto, equilibrado e sedoso. Tal como no nariz, a prova de boca consegue um equilíbrio notável da fruta.Nota:16

Chocapalha Reserva 2005 (Estremadura) - Nariz bem frutado, o que primeiro surpreende é o perfume que emana do copo, um aroma subtil e delicado de flores campestres que evoca um prado verdejante, coberto de flores primaveris. Vem de seguida a fruta muito bem composta, bem arranjada, muito aprumada, mirtilos, cereja, framboesa, e muito licor de ginga. Sempre num registo sóbrio, sem exageros, percebe-se a bondade e o afinamento da madeira, o óleo de cedro e as leves notas de tabaco finais.
Se o nariz é todo ele delicado, a boca já nos surge mais masculina, mais decidida, com uma acidez mordaz e taninos rijos, viçosos, duros, embora simultaneamente bem integrados e bem-educados. A dicotomia de personalidade entre nariz e boca é quase patológica, um duelo engraçado entre a "bela e o monstro", que tal como no file homónimo, também aqui tem um final feliz. Fim de boca longo, duradouro pela acidez e pelos taninos, ainda precisa de afinar em garrafa, devendo melhorar nos próximos anos. Nota:17

No final do repasto a Empor-Casa Havaneza , presenteou-nos com uns Puros. Os Charutos escolhidos foram o Vegas Robaina Familiares, uma corona com sabor médio forte que emanava um aroma a café torrado, com excelente tiro e que queimou na perfeição até ao final do evento.

Durante a degustação do Puro estivemos a dialogar com os responsáveis da Empor presentes, sobre o Puro que estávamos a degustar.

A razão de terem escolhido este charuto foi o facto de em 2008, ir ser lançado pela primeira vez em Portugal uma edição regional, ou seja um charuto elaborado somente para o mercado português.
O charuto em causa é o Vegas Robaina Petit Robusto e
segundo nos foi confidenciado e irá para o mercado para meados de Setembro. Foi escolhida esta vi tola por ser aquela que mais aceitação tem tido em Portugal.

Os tabacos dos Charutos Vegas Robaina são provenientes de San Luis de Pinar del Rio que têm uma alta qualidade, mas normalmente são muito fortes. A Vegas Robaina tem feito um árduo trabalho para criar um charuto com um paladar médio utilizando este excelente tabaco. A capa tem origem também em Pinar del Rio, que tem influência no aroma que o charuto emana.
O tabaco para os Puros Vegas Robaina sofre maturação durante 1 ano antes de irem para os torcedores. As plantações em san Luis em Pinar del Rio são controlados 4 vezes ao ano para verificar o nível de amónio, porque a Vegas Robaina não cultiva tabaco com alto nível de amónio.

Para acabar deixo aqui uma resposta a uma pergunta feita a Don Alejandro Robaina em 1998, sobre quando era a altura que gostava mais de degustar o Puro: - Quando estou com os meus melhores amigos ou com 3 ou 4 grandes apreciadores de charutos.

Faço destas palavras de Dom Alejandro as minhas.

PS: Deixo aqui o agradecimento á Empor - Casa Havaneza pelo convite, e ao "senor" Fernando do restaurante "A Kottada" pela disponibilidade e simpatia.

purosevinhos@gmail.com

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