CRÓNICA DOS VINHOS DO 5ºÉPICO JANTAR DE NATAL DOS PUROS
Mais uma vez os Puros & Vinhos reunirão-se á mesa para mais um jantar de natal, sempre considerado o jantar dos jantares.
Estiveram presentes os seguintes 13 confrades: Luis Diniz, Paulo Sousa, António Chaparro, António Amaro, Rogério, Mário João,Luis Pedro, Bernardo,Nuno Anjo, Nuno Santos, David,Tóninho e Pita.
Ruinart Blanc de Blancs Magnum - É já um clássico á mesa dos Puros. Como diz Robert Parker - "This house is all about blanc de blancs".
Tonalidade citrina . Notas de maçã e suave vegetal. Bolha fina e mousse bastante macia a deixar que a fruta se expresse com maior definição. Ataque macio, contido no gás, revelando frescura, bem expressa na vivacidade e intensidade dos sabores citrinos. Boa persistência final, com suave secura, repetindo as notas citrinas. Um conjunto que emana requinte e refinamento.
Média final: 18
Prova Cega de Brancos
Os vinhos compareceram na mesa pela seguinte ordem:
Redoma Reserva Branco 2007 (Douro) - Na minha opinião foi o vinho mais equilibrado dos 3 vinhos provados e o que tinha o aroma mais aberto e sedutor. Cor amarela dourada, sem ser demasiado pronunciada. Aroma com forte presença vegetal, notas claras de barrica, presença explícita de fruta cozida e fruta em calda, sem no entanto insinuar qualquer tipo de doçura. Pêra cozida, alperce em calda, é um branco deveras original e apelativo.Estruturado, cheio, denso sem nunca ser viscoso, confirma por inteiro aquilo que o nariz sugeria. Seco, cristalino na acidez, temos um vinho de guarda, um branco diferente que nos revela qualidades e virtudes inesperadas. Não será um branco consensual, como não o foi nesta prova, pelo que se percebeu nas notas os confrades preferem mel e encorpado a equilibrio e fruta evidente.
Tendo obtido a preferência de um confrade.
Média Final: 16,25
Conceito Branco 2007 (Douro) - Este foi o branco que mais embaraços criou nos provadores, pois todos diriam que estava ali o vinho mais a sul em prova.
Cor amarelo ouro claro. Basta levar o copo ao nariz pela primeira vez para logo a boca se abrir de espanto face a tamanha concentração, complexidade e intensidade. Podemos começar pela fruta, pela maçã madura, pela pêra generosa, temos também de mencionar as notas melosas, o toque do caramelo.
Na boca mostra-se intenso, cobre o palato de fruta branca. Estruturado, gordo, a acidez não dá um segundo de tréguas, mantendo-o sempre em forma, estaladiço e objectivo. É um vinho rico, equilibrado e com um longo e poderoso fim de boca que convence os mais cépticos.
Tendo obtido a preferência de 4 confrades.
Média Final: 17,65
Está algo pesado no nariz, nota-se o mel, muitos apontamentos da barrica. Mostra ainda um carácter vegetal meio tímido que poderia recordar ervas aromáticas frescas.Boca bem mais interessante que o nariz, com uma entrada calma e rechonchuda e um final intenso e muito vivo. Sempre em crescimento na boca, um movimento constante de expansão, com um final em grande, acidez forte e final duradouro.
Tendo obtido a preferência de 4 confrades.
Média Final: 17,70
PROVA CEGA DE TINTOS
Os vinhos foram decantados 1 hora antes de serem servidos, e compareceram á mesa pela seguinte ordem:
Clos Mogador 2005 (Priorato/Espanha) - Mostra-se negro, opaco, impenetrável, um buraco negro onde apenas o bordo se mostra violáceo. Aromas potentes e complexos, onde se destacam as fortes notas minerais e balsâmicas, as especiarias, baunilha, ervas de tempero, incenso, fumados, tosta, café e sintomas de torrefacção. Depois entra em cena a fruta, ampla e opulenta, muito concentrada, madura, muita cereja, ameixa, ameixa confitada, amora, mirtilos, uma fruta franca, generosa e muito elegante. Mas há mais, as notas de madeira exótica, cedro e acácia, chocolate, notas licorosas, terra molhada, bosque, cogumelos, um mundo de cheiros que entusiasma e nos deixa apaixonados pela fragrância aromática que se liberta do copo.Potente, equilibrado, amplo e elegante, concentrado, mostra uma boa combinação entre potência e suavidade. Levemente doce, taninos possantes, encorpado, rico, revela enorme concentração de fruta preta, bem acompanhado pela acidez discreta mas potenciadora da frescura deste Priorato. Final muito longo, carnudo, é um vinho que apesar da dimensão nunca cai no disparate ou no exagero.
Obteve a preferência de 1 confrade
Média Final: 18,20
Cortes de Cima Reserva 2004 (Alentejo) - Este é umvinho preto retinto, impenetrável, escuro como breu, com o menisco de cor púrpura.Aroma frutado, intenso, carregado de fruta preta com muita amora, baga silvestre e mirtilo. Há também um fundo floral que "embeleza" e suaviza a carga frutada primária. As características do terroir são visíveis, sobretudo através da forte componente mineral que o nariz transmite. A barrica está bem integrada e o álcool não pesa em demasia. Não se pode ignorar o aroma alicorado que se solta do copo, uma sugestão adocicada, que demonstra em parte a sua origem de terra quente. Depois dos aromas, estávamos à espera de uma boca pastosa, pesada e enjoativa e afinal somos surpreendidos por um vinho equilibrado e coerente. A boca é mesmo perigosamente convidativa e acessível. Taninos sãos, poderosos mas bem educados, acidez bem integrada, é um vinho fresco e agradável. É potente sem ser excessivo e tem um fim de boca médio.
Obteve a preferência de 2 confrades.
Média Final: 18,05
Robustus 2004 (Douro) - Cor vermelha púrpura profunda, uma cor que impõe respeito e consideração. Nariz impressionante pela envolvência, dimensão, intensidade e elegância que sugere. Se a fruta preta, com mirtilos e amoras, marca a sua presença, são no entanto os aromas de bosque e tabaco que lhe cunham o perfil de forma vincada. Suave, tranquilo, muito elegante, equilibrado, é um vinho amplo, firme e concentrado, mas redondo e aveludado no paladar. É musculado mas gracioso, estruturado mas sedoso, potente mas melódico, um acumular de incompatibilidades e complementos que o tornam tão cativante. A acidez fina e viva dá-lhe energia e firmeza que o prolongam num final de boca longo e intenso. Especiado, apresenta sugestões de couro, cereja preta e amora, um vinho com uma longa e prolongada carreira pela frente.
Obteve a preferência de 1 confrade.
Média Final: 18,10
Two Hands Lillys Garden 2005 (Mclaren/Australia) - Cor profunda e intensa. Mostra aromas complexos de ginga, amora, especiarias, chocolate preto, enfim uma multitude de aromas impressionante. Antevê-se uma certa doçura no nariz, quase licor, com fruta muito madura mas com uma impressão de acidez revigorante. O que nesta fase não é nada discreta é a presença de madeira, fortíssima, intensa, indisfarçável.Ameixa preta madura e pimenta moída de fresco, são os primeiras sensações transmitidas ao palato na prova de boca. Os taninos são do tipo macho, fortes, assertivos, intensos, quase aterradores. Com o arejamento, os taninos suavizam um pouco, a cor perde alguma da sua potência e o vinho mostra-se mais "educado". Apesar da ligeira sensação de doçura transmitida pela fruta muito madura, a acidez penetrante devolve-lhe elegância, frescura e equilíbrio. A madeira de carvalho, a fruta madura e a acidez pronunciada travam uma curiosa batalha pelo domínio do palato num final de boca impressionante e extraordinariamente prolongado.
Obteve a preferência de 6 confrades
Média Final: 18,75
Para a sobremesa
Niepoort Moscatel "2000" (Douro) - Apresenta cor amarelo ouro, com aromas pronunciados à casta e notas doces muito evidentes, sem no entanto se tornarem enjoativas e sem perderem a frescura aromática. Pêssego, alperce, lichias e mesmo algum coco saltam ao nariz de forma espontânea e sincera. Doce, bastante doce, está equilibrado pela acidez qb que o sustenta. Glicerinado, gordo, muito floral e frutado, é um Moscatel diferente e curioso que valia a pena conhecer.Ficamos no entanto com a dúvida sobre a melhor ocasião para o beber, se a acompanhar uma sobremesa, se sozinho...
Média Final: 16
Puro Vs carcavelos
Quinta do Barão Carcavelos Vinho Velho -Cor âmbar clara. Aroma com casca de laranja, alguma cera, notas de torrada e tostado. Seco, complexo, muito longo na boca.
Nota pessoal - 15,5
Ramon Allones Gigante -Um dos melhores charutos provados em 2008, com um tiro limpo e cheio, uma cobustão perfeita, com sabores a cacau, menta e couro. Muito equilibrio de inicio ao fim. Excelente charuto
Nota pessoal: 18