Jantar dos Deuses 2009 dos Puros
Venho neste espaço mais uma vez fazer uma apreciação dos vinhos provados no jantar de Natal do Grupo Puros & Vinhos. As apreciações são da minha responsabilidade, quanto ás notas dos vinhos elas correspondem á média dos 16 confrades presentes.
Começamos por brindar a todos com um Murganheira Touriga Nacional 2006 - Ataque refrescante, com desprendimento persistente de uma bolha média, mas com alguma agressividade induzida pelo carbónico. A mesma impressão numa evolução que podia ser mais delicada com o carbónico a "camuflar" parcialmente os aromas e sabores frutados. Acidez viva e secura controlada num final com média persistência.
Preço:15€
Nota Final: 13,92
A prova de brancos desta vez não foi ás escuras, e o primeiro branco a surgir na mesa foi o Tuga Beirão Encontro 1 Branco 2008 (Beiras) - Cor cristalina. Nariz fresco, vegetal, com apontamentos que sugerem uma salada de fruta. Leve madeira confere-lhe estrutura. Na boca entra amplo e fresco, evoluindo de forma equilibrada e directa para um final moderado, de complexidade média e acidez vincada. Apesar de não existir muita profundidade de sabores, onde predomina o vegetal, o conjunto consegue rasgos de prazer e frescura.
Preço: 15,60€
Nota Final: 16,65
De seguida apresentou-se o "Franciu" Domaine Leflaive Puligny-Montrachet 2006 (Borgonha) - Este Borgonha indica logo no primeiro contacto que é um vinho encorpado, cheio, carregado de personalidade, um branco que nos aponta um caminho seguro para o lado floral, misturado com muita pimenta branca. Enterradas nas profundezas do copo, despontam leves sugestões citrinas. Possante, glicérico, entroncado, e um pilar de segurança, um vinho robusto sem nunca ser rude. Acidez muito bem integrada, será difícil encontrar um vinho que se adeqúe mais á mesa que este Borgonha.Não o perca, prove-o com muita atenção, e verá que lhe será impossível resistir.
Preço:50€
Nota Final: 17,23
Finalmente chegou o Nuestro Hermano SantBru Blanc 2007 (Priorato) - Apresenta uma cor amarelo suave. Aroma Complexo e elegante, muito feminino, apresentando bastantes notas florais e limão fresco. Madeira muito bem integrada no conjunto. Na boca o vinho é muito elegante, obtendo um belo equilíbrio entre corpo e acidez. Curiosamente sentem-se algumas notas de fruta do tipo pêra misturado com limão verde, um ligeiro mineral. Tem um final/longo que nos dá muito prazer.
Preço: 15€
Nota Final: 15,35
Chegamos então á prova cega de tintos, e não podíamos ter começado melhor com o australiano Amon-Ra 2007 (Barrosa Valley) - A cor deste vinho é simplesmente divinal, apresenta um brilho, o poder de um enorme syrah. O álcool está perfeitamente integrado, o vinho é delicioso, os taninos são suaves e aveludados, terrosos, intensos, abrindo-se num leque perfeito. A acidez é fabulosa, fresca, vibrante. Estruturado, equilibrado, voluptuoso, cheio, é um vinho cheio de intensidade e profundidade. A boca sempre em perfeito crescendo, à medida que o vinho vai arejando, este é um vinho para durar mais de 10 anos.
É um autêntico luxo, é sensual, lascivo, libidinoso, carnal.
Preço: 65€
Nota Final: 18,69
De seguida chega-nos o delicioso e pachorrento alentejano Esporão 1º Prémio colheita de 2007 (Alentejo) – Apresenta cor vermelho vivo, quase violeta, com boa concentração e excelente impacto visual. É muito interessante verificar que a primeira "cheiradela" transmite de imediato uma vigorosa sensação de mineralidade e de expressão de "terroir". Bom sinal e um bom começo! Depois, depois surgem em leves tranches a fruta elegante, discreta, muito bem comportada. Fruta distinta e muito sóbria, sem sinais de sobrematuração ou sobre-extracção. É notória a finura aromática transmitida, a sensação de equilíbrio emanada, a paz Zen, a quase espiritualidade. Finalmente percebe-se que a madeira só o ajudou, sem marcar a prova, antes servindo de suporte, potenciando as suas virtudes aromáticas.
A boca é um modelo de finura e elegância. É distinta, nobre, aristocrática, sóbria. Final longo, muito longo, extremamente longo... temos vinho! Tanino presente, potente mas sensível e muito bem integrado, acidez vincada mas sustentadora, estamos perante um vinho atípico de Portugal e que pouco tem a ver com os seus vizinhos alentejanos.Um belo vinho alentejano.
Preço: 33€
Nota Final:17,62
E por último um poderoso "Duriense" Quinta do Crasto Vinha da Ponte 2007 (Douro) -Se tem medo do escuro evite olhar para ele porque é "de fugir". Se é contra a violência não o leve à boca porque vai ficar "knock-out". É isto que o espera ao aproximar-se deste vinho que, ainda fechado, é já um compêndio de aromas: notas minerais e terrosas dão o mote para um conjunto onde se misturam o fruto preto e as notas silvestres. Cola-se literalmente às paredes do copo e insinua-se com rara frescura, com a madeira e o poder alcoólico perfeitamente integrados. Demolidor na estrutura, imenso no extracto, grosso, com taninos suculentos, a pedir que o mastiguem e, ainda assim, refinado. Evolução em crescendo com um final inesquecível. Arrasador no estilo, excessivo na originalidade, é a expressão perfeita do seu terroir. Não será fácil escolher o casamento gastronómico ideal mas, em boa verdade, ninguém se quer divorciar dum vinho desta envergadura. Estamos perante um vinho de culto.
Preço: 90€
Nota Final:18,35
Para a sobremesa o convidado foi o Olho no Pé colheita tardia 2007 - Apresentou-se na sua linda cor citrina, cristalino de aromas, límpido como um cume alpino. A mineralidade é quase assustadora, um manto pedregoso de calhau rolante e sílex, neste caso escoltado por engraçadas e refrescantes notas de maçã Granny Smith.. Untuoso, gordo, glicerinado, viscoso, tão doce e gorduroso que necessariamente tem de ser pecaminoso. Toda a doçura é temperada e domesticada por uma acidez felina que o refresca e lhe prolonga o final. A boca grita pêssego e alperce a uma só voz, o equilíbrio é notável, e a luxúria instala-se nos nossos neurónios, toldando-nos o juízo por inteiro. Um vinho quase o
Preço:14€
Nota Final: 17,27
Para saborear o Puro seleccionado por cada confrade para o evento, apresentou-se o excelentíssimo Quinta do Vesuvio Vintage 2007 - Descrever a cor deste vinho é uma tarefa perfeitamente inócua: é tudo preto, à excepção dos tons violáceos do bordo. A aproximação ao nariz é pautada por uma enorme doçura de fruto, nada enjoativa, em harmonia perfeita com um cunho vegetal muito vincado donde, esporadicamente, se liberta uma fragrância floral de extrema sensualidade. De tudo isto emerge um conjunto cheio de força e vigor, impressionante na frescura, com o vinho a suplicar que o mastiguem. Uma prova sempre em crescendo que culmina com aquela sensação de «tremor» nas gengivas... Indescritível. Ao concluir esta nota de prova o final de boca ainda lá estava. Que mais se pode exigir a um vintage novo? Só se fôr que envelheça!
Preço:40€
Nota Final:17,69
Desejo a todos umas BOAS FESTAS