Sábado dia 4 de Julho de 2009 16:00
Para refrescar um pouco a quente tarde que se fazia sentir, começámos por um Gin Tanqueray Ten tónico um super gin aromático e vestido com um bonito e elegante fato verde que nos matou a sede e nos limpou o palato para o que veio a seguir.
Para acompanhar a salada de varias alfaces papaia e camarão temperada com uma mistura de lima,óleo, sal e pimenta começámos por um Rosé:
Perlarena 2007 um rosé da região de Toro/Espanha, apresentado numa curiosa e engraçada garrafa, uma botelha de vidro fosco onde quase tudo é rosado menos a rolha artificial que se apresenta num lilás forte, um rosé muito salmonado, meio rosa clarinho, uma cor muito pouco vulgar, uma cor que é francamente atraente. Aroma frutado qb, com morango, framboesa e groselha a assumir os gastos da casa. É fresco na boca, mas demasiado neutro e anónimo, o final é prejudicado pelo excesso de álcool (13,5º) que apresenta. Acompanhou na perfeição a salada elaborada pelo Chef Malé.Nota:13
Já os campinos tinham trazido os toiros para a rua, quando acendemos o lume para começarmos a grelhar uns ricos carabineiros, que foram acompanhados por outro rosé:
Roma Pereira Rosé 2007 que se apresenta numa linda garrafa esguia e elegante, um núcleo vermelho/rosa que se vai esbatendo em tons rosa, acabando praticamente incolor junto ao bordo. Álcool bem coberto num vinho de perfil simples e directo. Morangos e framboesas a testemunhar o grande protagonismo dos aromas primários. Corpo mediano, consistência e graciosidade de sabores numa evolução muito focada no fruto. Doçura comedida num final mais sedutor e mais persistente do que em muitos brancos e tintos já provados. Bem feito e, acima de tudo, nada enjoativo, com um bom balanceamento entre ácidos e açucares. Uma agradável surpresa para quem olha para o estilo rosé como um vinho "de circunstância", e se revelou um excelente acompanhamento para os vermelhos e suculentos carabineiros. Nota:15
Para alguns, ainda não tinham bebido vinho mas sim refrescos, queriam era tinto e bom não era a zurrapa que existia fora de portas, vendidas em embalagens tetrapack. Para as carnes grelhadas foi feita uma prova de vinhos tintos servidos em copos Riedel Vinum Syrah, ou seja um luxo. Deixo aqui algumas considerações sobre os vinhos provados:
Esporão Touriga Nacional 2006 , este Touriga alentejano apresenta aromas de fruta madura, com muita amora e framboesa, alguma ameixa e notas especiadas da madeira onde estagiou. O palato é confrontado com muita, muita fruta (novamente amoras), mostra-se quase doce, mas felizmente existe uma acidez firme que torna este Touriga num vinho revigorante e refrescante. Taninos pujantes, este é um vinho muito atractivo.Nota:16
Rolf Binder "Heysen" Shiraz 2005, este Syrah australiano apresenta-se com cor carregada, quase opaca, aroma frutado, muito frutado mesmo, mas com fruta de bom recorte, fruta elegante e irresistível que prima pela elegância. Leves notas de barrica, a fruta percorre a ameixa e a cereja, sempre elegante, sempre sedutor.
Boca possante, intensa, frutada, potente e arrebatador, mas simultaneamente austero e delicado. Entra fino e sóbrio, quase feminino, para logo crescer em leque e terminar num eterno crescendo que se recusa a parar.Nota:17,50
Two Hands Lilly's Garden 2005, sobre este vinho deixo link do nosso jantar de natal de 2008 onde foi provado este vinho: http://purosevinhos.blogspot.com/2008_12_01_archive.html
Finca Sandoval TNS 2006 Magnum Manchuela/Espanha Este Touriga espanhol cola-se bastante aos nossos bons tourigas do Douro, pois este Finca Sandoval apresenta cor grená muito intensa, do mais opaco e profundo que tive oportunidade de observar. Aspecto denso, compacto, cerrado, maciço, a deixar adivinhar um vinho muito concentrado e potente. Mostra aromas de fruta muito madura, amora,s cereja, ameixa preta e mesmo uva passa. Notam-se aromas alicorados em profusão, cânfora, aromas, especiarias e notas subtis da tosta da madeira.Um nariz forte, intenso, tal como a cor já sugeria...
A boca não esconde a sua origem de terra quente, embora consiga manter todos os componentes em equilíbrio e harmonia. É um vinho que impressiona pela dimensão e pela potência, sendo contundente na estrutura. É amplo, com corpo médio/cheio, com taninos maduros e fortes e com um evidente predomínio da componente frutada sobre as restantes. Falta-lhe um pouco mais de acidez para contrabalançar a doçura, mas é sem dúvida um vinho muito guloso e atraente. Final longo e concentrado. Um bom touriga de nuestros hermanos. Nota:17,50
A noite já ia longa e na manhã seguinte haveria mais festa.
Domingo 5 de Julho de 2009
Sobre este dia deixo aqui a crónica da jornalista Patrícia Sardinha sobre a corrida mista realizada:
Num dos fins-de-semana mais taurinos em Portugal, Vila Franca de Xira animou-se nas ruas e marcou presença na Palha Blanco, com cerca de três quartos de casa para assistir à Corrida Mista que marcou as Festas do Colete Encarnado.
Lidaram-se toiros de Falé Filipe, bem apresentados mas de desigual comportamento, destacando-se o sexto que se demarcou pelo bom piton direito tendo inclusive dado volta à arena sob ovação do público.
António Telles abriu a tarde frente ao primeiro toiro com 550 kg efectuando uma lide em crescendo. Antecedeu o primeiro comprido com uma passagem em falso. Cumpriu com mais dois ferros da ordem. Sofre toque depois de cravar o primeiro curto, e durante o resto da actuação o cavaleiro esteve muito voluntarioso, entrando quase sempre em terrenos do toiro, cravando no sítio mais três ferros. Uma actuação de menos a mais com muita entrega do cavaleiro.
João Telles Jr. esperou à porta gaiola o toiro que lhe tocou, com 510 kg, levando-o depois em boa brega. Esteve irregular na ferragem comprida, tendo ainda sofrido um forte toque. Nos curtos exibiu-se, principalmente no quarto ferro de alto a baixo com o toiro a por a cara debaixo do braço do cavaleiro. Toureou alegre e com grande conexão às bancadas.
Na lide a duo a dupla da Torrinha demonstrou conformidade na actuação com ferros cravados sucessivamente e com sucesso ao toiro com 515 kg, culminando com um ferro violino de execução do Telles mais novo que empolgou as bancadas.
O matador espanhol Sanchez Vara foi a Vila Franca com toda a entrega de quem toureia em Sevilha. Recebeu o primeiro do seu lote, de 510 kg, com uma larga cambiada de joelhos, mostrando-se variado e elegante com o capote. Bandarilhou de perfeição três pares. E na muleta, não tendo evidenciado muito de toureio fundamental recriou-se em arrimo e valentia, iniciando a função de flanela sentado na trincheira, depois ostentou-se de um toureio com muito mando mas de pouco temple. Repetiu a dose de arrimo no sexto da tarde, com 475 kg voltando a receber o oponente com duas cambiadas de joelhos postos na arena e a bisar no brilho no tércio de bandarilhas. Com a muleta voltou a por-se de joelhos e assim deu meia dúzia de muletazos deixando rendido o público de Vila Franca. Aproveitou as investidas da rês pela direita e efectuou passes em redondo rematados com adorno.
João Augusto Moura não teve tarefa fácil com o quarto toiro da tarde com 470 kg, brusco e no qual o novilheiro apenas sacou passes isolados, levados muito por fora numa faena que acabou por ser sonsa e sem transmissão. Melhor sorte no último toiro, com 465 kg e que apesar de fugir para tábuas, foi mais colaborador e permitiu ao jovem efectuar muletazos de muito interesse e boa nota, com ligação e em redondo.
Os forcados de Vila Franca de Xira efectuaram três pegas ao primeiro intento. A primeira pelo cabo Vasco Dotti que apesar de decomposto na cara do toiro, aguentou bem; Diogo Pereira numa pega sem problemas; e Paulo Conceição com muito boa ajuda a aguentar bem.
Dirigiu a corrida o Sr. Manuel Jacinto numa tarde em que o toureio a pé se demarcou em terra de Matadores.