Antes de falar dos vinhos propriamente dito, tenho de voltar a informar da forma como são feitas estas provas.
Todos os confrades trazem um vinho de casa devidamente tapada, são depositadas as garrafas numa sala, e um dos elementos vai buscar as garrafas para a prova. Sendo depois votado consoante o critério de cada provador. A média final é feita tirando o máximo e o mínimo das várias notas dadas a cada vinho e dividido pelos restantes provadores.
Vinha da Defesa 2008 Br – (Alentejo,Preço:7,00€) Cor amarelo palha, a cair para o desmaiado. Mostra aroma frutado, cheio, com exuberantes notas limonadas, pêssego e fruta tropical ligeiramente adocicado. Insinua um aroma gordo, com leves sugestões vegetal.
Acidez correcta, boca fresca e frutada é um vinho bem elaborado e agradável. Feito num estilo "agrado a todos.
Média:14,00
Monte velho 2008 Br – (Alentejo, Preço:3,50€) Como bem sabemos, o vinho Monte Velho branco ou tinto é um caso de sucesso. Destas garrafas fazem-se literalmente milhões! Esta que nos caiu em sorte apresenta cor amarelo esbranquiçado e aroma fresco e vivaço. Suaves notas citrinas, um pouco de erva fresca, na boca repete a dose e acrescenta um muito leve toque mineral. Para o preço não se pode exigir mais, e a verdade é que não desmerece à mesa e que acompanha sem dificuldades uma refeição
Média:13,25
Soalheiro Primeiras Vinhas 2007 Br – (Vinhos verdes, Preço:13,00€) Nariz fresco e denso nos aromas a fruta, a lembrar alperce, pêra e maracujá. A envolvência vegetal, de relva fresca cortada e espargos, e a componente mineral dão-lhe um toque equilibrado. Na boca a acidez comanda a estrutura, dando vivacidade e um comprimento longo, cheio, ao mesmo tempo leve e fresco. A persistência de sabores é vegetal e mineral, com as fundamentais sensações a fruta tropical, necessárias num Alvarinho novo. Um branco amplo, delicado, saboroso, que alia na perfeição componentes frutadas, vegetais e minerais.
Média:16,13
Quinta dos Carvalhais Alfrocheiro 2003 TT – (Dão) Nota-se uma ligeira evolução na prova de nariz. No conjunto é muito elegante e apetecível. Existe uma complexidade de aromas notável: fruto preto, florais, balsâmicos e tabaco.
A elegância é a palavra de ordem. Na boca, a acidez é fresca, a concentração moderada, e a riqueza dos taninos saborosa. O final de boca é longo, com persistência de sabores a fruto preto e esteva. Um vinho muito bem feito.
Média:15,63
Herdade das Servas Touriga Nacional 2005 TT– (Alentejo, Preço:12,90€) Nariz limpo, directo, com predominância de intensos aromas florais e frutados. Um leve toque de madeira, dão-lhe um toque bem definido mas subtil. Na boca entra moderado, com envolvência de aromas florais que terminam numa estrutura leve mas saborosa, apelando à elegância. Este perfil fresco e desprendido possui uma objectividade de aromas e sabores impressionante, capaz de atrair os gostos de qualquer consumidor no mundo. Este perfil aromático fez-me também recordar os bons Touriga Nacional elaborados na região do Dão. À parte as questões comerciais, a Touriga Nacional, vinificada desta forma, conquistaria o panorama internacional num abrir e fechar de olhos.
Média:16,63
Terras da Luz reserva 2005 TT – (Tavira /Algarve, Preço: 14€) O David Insiste nos vinhos algarvios, sempre com a convicção que esta região ainda tem muito a dar ao país vinícola e que surpresas agradáveis poderão advir no futuro. O potencial existe, falta capital e sobretudo vontade e ânimo de fazer bem. Este Terras da Luz aparece muito bem vestido, num binómio garrafa/rótulo elegante e distinto. Um bom sinal!
De cor vermelho rubi. Nariz airoso, perfumado, desta vez o Cabernet pesa pouco e a Trincadeira evidencia-se declaradamente no aroma. Fruta discreta, fruta vermelha, com cereja, framboesa e groselha em destaque.
Estrutura delgada, um pouco franzina, curiosamente sente-se mais o peso da madeira na boca que na prova aromática. Taninos secos, nunca transpõem a barreira da agressividade, mantendo o bom senso e a compostura. Acidez assertiva, se exceptuarmos os taninos, este tinto de Portimão mostra-se redondo e "simpático" no paladar.
Média:15,88
Preta 2005 TT - (Alentejo, Preço: 19,95€) Forte concentração de cor. Nariz guloso, muito guloso, com apontamentos doces, apesar de equilibrados. Fruto preto, baunilha e madeira formam uma "banda" de sucesso. Na boca é equilibrado, muito saboroso, intenso nos sabores a fruta. Sem impressionar, a acidez acerta o compasso geral, contribuindo para um final longo, abraçado por doces taninos. O consenso será generalizado apesar de impressionar mais pela sua espessura e intensidade, não tanto pela sua complexidade.
Média: 16,63€
Quinta da Garrida Touriga Nacional 2004 TT – (Dão,Preço:9€) Para todos aqueles que acompanharam a sua evolução, paira no ar alguma desilusão, porque o vinho perdeu alguma potência e parte da carga frutal inicial. Contudo, preserva tonalidades rubi muito vivas e uma grande envolvência aromática, com os frutos vermelhos a entrelaçarem-se com notas de especiarias e balsâmicos, a que acresce um ténue alicorado que reforça a complexidade do conjunto. Estrutura média/alta num vinho vivo, fresco, persistente, com um final em que os taninos, persistentes mas dóceis, combinados com notas de barrica evocam grande sofisticação. Um conjunto que prima pelo equilíbrio e pela harmonia e, talvez por isso, precisasse de mais «raça» para deslumbrar. Esse é, por norma, o problema dos vinhos em que a suavidade e a elegância sobressaem. Mas, no vinho como na vida...não se pode ter tudo.
Média:14,75
Quinta do casal Branco 2006 TT – (Ribatejo) A cor é relativamente opaca, os aromas são frutados, ricos de compota, com nuances de tabaco, chocolate de leite e muito leve especiaria. A boca é bastante "moderna", fica marcada pelo sabor a a chocolate de leite, fácil, directa, mas agradável. Feito num estilo, agrado a todos, penso que de facto consegue agradar à maioria, e apesar de muito internacional, mantém uma alma portuguesa.
Média:15,63
Herdade do Peso Colheita 2003 TT – (Alentejo) Cor vermelha, pouco intensa, com concentração ligeira e opacidade reduzida. Fruta discreta, pouco expressiva e aromas terrosos marca indelevelmente a prova aromática deste tinto alentejano. A boca revela acidez firme (demasiado firme?), que aliada a uma "magreza" acaba por lhe deixar os taninos a descoberto. Confirma a discrição da fruta e apresenta fim de boca curto. É um vinho para o dia-a-dia, um vinho simples, um vinho elaborado num estilo consensual e sem complicações.